A Confederação das Associações Económicas de Moçambique, (CTA), manifesta a sua preocupação com a morosidade da redução das taxas de juro cobradas pelos bancos comerciais.

A taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) baixou, de Abril de 2017 a esta parte, em 600 pontos base, mas as taxas dos bancos comerciais baixaram apenas 300.

“Isto, de facto, é aquilo que preocupa a CTA hoje. Há uma reacção positiva do lado do Banco Central, mas depois há uma reacção mais lenta dos bancos comerciais”, disse o presidente do pelouro da Política Financeira da CTA, Luís Magaço, que falava ontem, em Maputo, durante um encontro de partilha de decisões tomadas na secção de política monetária, apresentada pelo Banco de Moçambique na última segunda-feira.

Segundo Magaço, é fundamental que a velocidade e o nível da redução das taxas directoras seja a mesma dos bancos comerciais.

“Vamos continuar a interagir com a Associação Moçambicana de Bancos de modo a que o desaperto do cinto dos bancos também represente um desaperto do cinto para as empresas e os cidadãos em relação aos seus créditos”, disse, segundo a AIM.

Outra preocupação apresentada pela fonte é a falta de políticas económicas, por parte do Governo, para estimular a economia, uma vez que o Banco Central controla três factores (a inflação, taxa de juro e câmbio), que até agora têm sido ineficazes para estimular o crescimento da economia. Por isso, são necessárias políticas que possam ajudar a alavancar a mesma.

“Só é possível a economia crescer se o Banco Central promover políticas de estímulo económico. O estímulo económico é realmente muito lento e nós sentimos que há poucas medidas políticas económicas para estimular e revitalizar a economia”, afirmou.

Disse esperar que o mesmo aconteça com os ministérios da Economia e Finanças, Indústria e Comércio e Agricultura e Segurança Alimentar, para que essas medidas possam estimular o desenvolvimento da economia nos vários ângulos de actividade.

A fonte reconheceu as acções realizadas pelo Banco de Moçambique, destacando as alterações dos regulamentos de forma a tornar mais flexíveis, mais transparentes e eficazes as operações da economia.

“Vimos agora que foi extinto o regulamento cambial e foi substituído por um aviso, o que permite ao Banco Central maior flexibilidade. Portanto, há várias acções que são desenvolvidas pelo Banco, de modo a fazer uma melhor gestão cálculos da política monetária”, afirmou.

Por seu turno, o administrador do Banco de Moçambique, Felisberto Navalha, diz que a sua instituição está a trabalhar com os bancos comerciais para melhorar a transparência na fixação dos juros e para que não haja processos de aproveitamento.

“Estamos a trabalhar com os bancos para primeiro trazer mais transparência no processo de fixação de juros aos clientes e também estamos a trabalhar no domínio de criar uma situação em que a transmissão das decisões da política monetária seja muito mais rápida naquilo que o cliente final encontra”, disse.

Explicou a medida surge pelo facto do Banco Central ter constatado que, “quando a política monetária actua no sentido de aperto de aumento das taxas, os bancos reagem imediatamente e na mesma linha, mas quando o processo é inverso a reacção dos bancos já não se materializa na mesma amplitude e velocidade”.

Este foi o segundo encontro entre a CTA e o Banco de Moçambique, com o objectivo de partilhar com os agentes económicos a situação macroeconómica, acção que será levada a outras províncias, para permitir que os agentes locais também possam expor as suas preocupações.

    Fonte:Jornal Notícias

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