Sengulane diz que tudo fará para que o país continue a ser dignificado

Dias depois de ter sido indicado para integrar o Painel de Personalidade Eminentes para junto do Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP), Dom Dinis Sengulane falou, à nossa reportagem, um pouco sobre o seu novo papel.

Como é que recebeu a comunicação da sua nomeação para o Painel de Personalidades Eminentes do MARP?

Recebi com sentimento de que não se trata de “sengulanidade”, mas de moçambicanidade. O facto de um moçambicano ser reconhecido como podendo jogar um papel neste órgão (MARP) que tem a ver, realmente, com a boa governação,  não há boa governação sem paz, sem justiça, é um reconhecimento de que Moçambique é um exemplo das suas capacidades de consolidar a  paz e de poder aconselhar outros nas várias circunstâncias ligadas à governação. Então, eu senti que era um convite de que os outros países reconhecem a nossa capacidade como moçambicanos, de, não só ter uma paz que permanece, mas uma paz que cresce e transborda e é por isso que podemos compartilhar com outros aquilo que a moçambicanidade representa.  Portanto, não devemos olhar para Moçambique como uma realidade para ser vivida apenas por nós, mas que outros querem viver essa mesma realidade, compartilhando através de um cidadão moçambicano  a quem elegeram para compartilhar com eles onde for necessário neste nosso vasto, rico e belo continente. É também uma oportunidade para que aquilo que diz respeito à justiça, a estabilidade, a maturidade pode ser encontrada em Moçambique. Que este não é um país só com problemas, mas há pessoas que se inspiram nele.

 Tendo em conta aquilo que é a realidade actual do continente africano, em termos político, social e económico quais são os desafios que destaca?

Primeiro reconhecermos que a reconciliação é necessária, a todos os níveis, em cada uma das nações. Os conflitos que aparecem hoje, estão em lugares onde se chegou a uma conclusão do ponto de vista político e de negociação, mas não se avançou para a reconciliação dos cidadãos. Dentro do mesmo ou partidos diferentes, de pessoas sem filiação política, entre tribos e outros grupos em cada nação. Em segundo lugar, deixarmos de ter desconfianças uns com os outros e fazermos uso dos recursos que o continente dispõe, para o benefício comum e com dignidade. Em terceiro lugar, reconhecermos que é profundamente espiritual , profundamente religioso e não devemos negligenciar esta componente quando organizamos a nossa vida e é necessário que façamos uma gestão eficiente dos recursos existentes e torná-los para um benefício comum, estas são algumas reflexões que julgo serem fundamentais. 

Se tiver que escolher um país para onde se concentrar, tendo em conta os desafios que o continente atravessa na questão da paz e estabilidade, qual é que seria.

O país onde sei que Deus está lá presente, estaria pronto para servir.  Não me parece que há decisão e se é que existe, nesse sentido seria  feita arbitrariamente. Acho que seriam tomadas em consideração as inclinações, as possibilidades, o acesso  e a natureza das necessidades que, porventura, existirem e que levaria o grupo a pedir alguém para ir a um determinado sítio. Desde momento que saibamos que Deus está lá presente, então vamos, porque ele vai sempre a nossa frente preparar o terreno e vai nos dar as palavras que havemos de usar .

Já ao nível interno, como é que olha para os novos sinais emitidos pelo Presidente da República e pelo líder da Renamo, a cerca do diálogo político?

O moçambicano é pessoa de paz, então não me surpreende que dois moçambicanos, especialmente, com responsabilidades para com o povo, quando falam, daí sai uma mensagem que nos indica que é possível chegarmos a paz . Esta é a realidade típica do moçambicano. Quando o moçambicano se torna violento ou recusa avançar nos caminhos da paz, está a sofrer de uma ideia intrusa, não a ideia original do moçambicano. A moçambicanidade e a paz andam de mãos dadas, por isso é lógico que isto aconteça. Sempre que haja um diálogo, sempre que as pessoas conversem,  chegarão a um entendimento mútuo. Mesmo duas crianças, quanto mais dois líderes que sabem das responsabilidades que têm perante o povo de Deus. 

O afastamento dos mediadores é o caminho certo?

O moçambicano é fonte de paz. Ele tem esta oportunidade, uma vez mais, de mostrar que é pela paz e é capaz de trabalhar para que a paz fique, cresça e transborde.

 

 


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