O administrador de Macomia, Tomás Badae, confirmou a morte de 25 membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), em mais um ataque terrorista ocorrido na última sexta-feira (09), depois da ocupação de uma posição militar em Mucojo-sede. Falando à Zumbo FM, Badae disse ainda que até sábado não se sabia se o grupo tinha abandonado ou não o posto administrativo de Mucojo devido a dificuldades de comunicação. 

 

“Sim, os terroristas assaltaram a posição militar, daí não temos mais informação se estão lá ou já abandonaram o local”, disse Tomás Badae.

 

Enquanto o governo distrital de Macomia confirma a morte de 25 soldados, o Estado Islâmico reivindica pelo menos 20 baixas entre membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), depois de um grupo terrorista ter assaltado a posição das forças governamentais na sede do posto administrativo de Mucojo.

 

Em nota publicada pelos meios de informação e propaganda daquele grupo, o Estado Islâmico (EI) reivindica não apenas a morte de militares, como também a captura de material bélico. Diz ainda que matou por decapitação um militar depois de várias horas de interrogatório.

 

“Carta” soube igualmente que os “Mababus” (outra designação dos terroristas) apoderaram-se de produtos alimentares e, para a sua retirada do depósito e transporte, forçaram alguns civis de Mucojo-sede a carregar até uma zona a norte, onde se acredita que seja o ponto de acesso a uma das bases que se localiza entre os postos administrativos de Mucojo e Quiterajo.

 

Uma fonte militar explicou à “Carta” que pelo menos 22 colegas foram mortos quando os terroristas atacaram a sua posição. “Chegamos a Mucojo via marítima e ocupamos a posição, mas na sexta-feira de madrugada os alshababs começaram o ataque e não havia saída porque já tinham fechado os caminhos. Entretanto, respondemos e, finalmente, conseguimos sair. Infelizmente, outros colegas morreram”, narrou, acrescentando que não houve socorro porque não havia condições de comunicação aos superiores.

 

Um residente de Mucojo explicou: “por parte da população ninguém foi morto ou ferido. Quando começamos a fugir, eles disseram para ficarmos, mas por medo saímos de Mucojo-sede e estamos mais a sul”, revelou, apontando que o desafio é “como chegar a zonas seguras, uma vez que não há transporte e recorrer via marítima também é arriscado devido à patrulha dos fuzileiros”. 

 

Usseni Bacar, residente em Macomia-sede, disse que, nos últimos dias, o transporte semi-colectivo de passageiros no troço Macomia-sede-Mucojo não chega à vila e vice-versa. Tal situação está a impedir a saída de muitas famílias do posto administrativo de Mucojo para zonas seguras. 

 

“Movimento normal de viaturas não há, mas alguns militares chegaram aqui na vila, alguns dos quais de mota a partir de Namigure (uma aldeia a sete quilómetros de Macomia-sede).

 

Refira-se que esta é a segunda vez em menos de dois meses que os terroristas atacam e ocupam a posição das Forças Armadas de Defesa de Moçambique em Mucojo.

 

Ainda em Cabo Delgado, os terroristas mataram uma pessoa em Meluco e queimaram igrejas em Chiure. A vítima é um motorista de transporte semi-colectivo de passageiros atingido mortalmente por volta das 14h00 de sábado, pouco depois do cruzamento de Unguia, no distrito de Meluco, região centro da província de Cabo Delgado, uma acção atribuída aos terroristas.

 

O condutor fazia o trajecto entre a cidade de Pemba e o distrito de Meluco. Tanto a vítima como a viatura foram abandonados no local até ao princípio da manhã deste domingo, onde com ajuda de um grupo da força local foi possível remover o corpo e entregar à família na aldeia Nanlia, distrito de Ancuabe.

 

Fontes a partir de Mitambo, onde alguns passageiros foram acolhidos depois do ataque, explicaram à “Carta” que “primeiro os homens armados mandaram parar a viatura, mas o motorista recusou-se e fez retaguarda e daí dispararam contra ele e o carro ficou imobilizado”.

 

A situação, tal como confirmou um docente da Escola Secundária de Muaguide que fica a dois quilómetros do local onde a viatura foi atacada, agudizou o ambiente de medo, tendo muitas famílias sido obrigadas a pernoitar de sábado para domingo em esconderijos. Entretanto, relatos de um outro ataque atribuído a terroristas foi registado na noite de sexta-feira, na aldeia Nacoja, localidade Mazeze, no distrito de Chiúre.

 

Nesta incursão, os terroristas queimaram duas igrejas e palhotas da população. Além disso, várias famílias foram obrigadas a abandonar as aldeias em direcção à sede da localidade Mazeze.

 

“Hoje domingo a situação está normal em todo o distrito, mas na sexta-feira (09) os terroristas que estavam em Mecufi, depois de atravessar um rio, passaram em duas comunidades de Mazeze e queimaram igrejas e casas em Nacoja. Ninguém foi morto”, disse Frederico Carlos. Presume-se que os atacantes fazem parte do grupo que nos últimos dias circulou no distrito de Mecufi. (Carta)

Fonte: Carta de Moçambique

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