A província da Zambézia está a registar exploração de areias pesadas em várias concessões. Um dos grandes questionamentos tem a ver com a reposição de solos para evitar a erosão. O destaque vai para o distrito de Pebane e Chinde. Em Pebane, a nossa equipa constatou trabalhos com vista a compactar os solos para evitar cenários de erosão no futuro, evitando perigo para o ecossistema marinho.
O processo de exploração de areias pesadas implica abertura de enormes crateras e, se não for feita a reposição, pode perturbar o ecossistema marinho. A empresa Tazetta Resources, no distrito de Pebane, a norte da Zambézia, teve de fazer abertura dos solos em zonas próximas ao mar para explorar as areias pesadas.
José Martinho, ambientalista afecto à empresa Tazetta Resources, diz que os aspectos ambientais estão a ser observados para permitir o desenvolvimento do ecossistema do mar, com destaque para os pontos de onde já foram retiradas areias pesadas pela empresa.
Martinho garante que, observado todos os procedimentos do projecto de gestão ambiental, não haverá problemas no futuro. “A abertura de crateras no processo de exploração de areias pesadas é normal, mas a reposição dos solos é fundamental, por isso estamos dedicados neste processo”, disse o ambientalista.
O jornal O País esteve nas áreas onde o recurso foi extraído, para verificar aquilo que está a ser feito no cumprimento do plano ambiental. Os números apontam que foram plantadas cerca de 1500 mudas entre espécies de Casuarina, rava, massala, coqueiro e relva nativa, numa área de 32,6 hectares.
Foram igualmente produzidas duas mil mudas e, destas, plantadas 440 nas três concessões da empresa. Actualmente, estão disponíveis 1560 mudas no viveiro. A plantação ocorre em função das dinâmicas de exploração. Ou seja, cada vez que as frentes de exploração avançam, avança igualmente o processo de tapamento das crateras e plantação dos viveiros.
No trabalho de repovoamento de hectares, a empresa vem trabalhando com uma associação local, denominada associação revolução verde de Pebane. No trabalho, estão envolvidos oito membros da Associação acima mencionada, sendo que cinco são mulheres e três são homens, e todos são naturais do distrito.
Amissy Magide, um dos responsáveis do grupo que trabalha no plantio das espécies nos pontos onde já se extraíram as areias pesadas, explica que o processo de plantio implica algum procedimento para o seu desenvolvimento.
Segundo Lurdes Messias, envolvida no processo de repovoamento das plantas, é fundamental a reposição dos solos e replantio das espécies nativas, pois “garantem que, no futuro, nós, que vivemos aqui, não soframos com problemas de erosão ou então a danificação do ecossistema.”
No terreno, a nossa reportagem constatou que, no processo de extração de areias pesadas, são abertas lagoas artificiais para se obter água utilizada no processo de exploração. As mesmas lagoas, no futuro, terão de ser fechadas.
Faquir Anifo, líder religioso influente na vila sede distrital de Pebane, diz que tem acompanhado com satisfação o processo de exploração de areias pesadas, bem como o trabalho de reposição de solos e das plantas nativas.
O administrador de Pebane, Eduardo Vida, faz uma avaliação positiva do processo de reposição de solos nas zonas em que já foram extraídas areias pesadas e diz que a empresa deve continuar a cumprir com o plano ambiental de exploração.
Fonte:O País