Entre 2018 e 2020, o governo britânico, através do Departamento para o Desenvolvimento Internacional (DFID, sigla em inglês) espera investir em seis áreas estratégicas na chamada “Pérola do Índico”.
Ao que O País apurou junto do Alto Comissariado Britânico em Maputo, o auxílio visa, tecnicamente, preparar Moçambique para uma esperada chegada em força das receitas dos recursos naturais dentro de dez anos.
“Moçambique é um país estável e próspero para os interesses estratégicos do Reino Unido. Investir agora mitigará a necessidade de respostas humanitárias mais dispendiosas para conflitos e desastres mais tarde”, aponta o DFID na sua avaliação do portefólio dos projectos em curso no país.
Acrescentando, que a médio prazo, Moçambique tem potencial para ser um parceiro comercial importante, com uma população crescente e rendimentos crescentes gerando novas oportunidades para o Reino Unido.
As empresas britânicas têm uma forte participação nos sectores de gás natural e petróleo. Prevê-se que sejam adjudicados contratos milionários com as companhias envolvidas num enorme projecto de hidrocarbonetos em offshore no norte de Moçambique.
Para o DFID em Maputo, a forte aposta em Moçambique deve-se ao facto do país estar estrategicamente bem colocado para impulsionar o crescimento em toda a África Austral. “É rico em recursos naturais, com enormes depósitos de gás em alto-mar e significativo potencial agrícola”, destacou.
Importa salientar, no entanto, que nem tudo é “mar de rosas” nas relações bilaterais entre Maputo e Londres. Em 2016, o Reino Unido suspendeu todo o financiamento directo ao Orçamento do Estado (OE) moçambicano, na sequência das descobertas de empréstimos ilegais, avaliadas em mais de dois biliões de dólares norte-americanos.
Neste momento, qualquer tipo de financiamento à Moçambique é apenas direcionado a projectos específicos, ou seja, os fundos já não entram directamente no OE.
A ajuda do Reino Unido é fornecida através de agências multilaterais (Banco Mundial e Nações Unidas), organizações não-governamentais e contratados do sector privado. Todo o financiamento para sector privado está vinculado a metas de entrega específicas ou contratos baseados em resultados.
“Todos os contratos são negociados e monitorados de forma robusta. Os programas são monitorados de perto por uma equipa do DFID que visita projectos no campo regularmente”, esclarece o governo britânico.
A equipa do DFID se reúne com parceiros a cada trimestre para discutir o progresso, realizando revisões trimestrais do programa para avaliar os resultados, fechando ou realocando o financiamento, se necessário.
Fonte:O País