Utentes das farmácias públicas em Nampula denunciam falta de alguns medicamentos essenciais. No Hospital Central de Nampula, até as quantidades de gesso para tratar casos de traumas  não são suficientes, mas a Saúde minimiza o problema.

A falta de alguns medicamentos tidos como essenciais é reportada pelos utentes das farmácias públicas, que garantem ser difícil encontrar todos os medicamentos receitados após o diagnóstico de alguma doença em Nampula. 

O nosso trabalho cingiu-se à cidade de Nampula e, numa ronda feita nalgumas unidades sanitárias, foi possível confirmar a veracidade dos factos. No centro de saúde de Muhala Expansão, tida como uma das unidades sanitárias de referência na periferia da cidade de Nampula, ouvimos pacientes que acabavam de sair da farmácia anexa ao hospital.

Hermínia Alberto levou a sua criança de colo para a unidade sanitária por suspeita de malária, que acabou sendo confirmada pelos profissionais de saúde. Foi-lhe receitada o medicamento para o tratamento da enfermidade da criança, mas na farmácia não conseguiu os medicamentos prescritos na receita.

“Paracetamol em xarope não tem”. Assim sendo, é obrigada a recorrer à farmácia privada para conseguir o medicamento. Mesma situação de  Inácio Armando Paulo, que também tinha a filha padecendo de malária. 

“Ela está com malária. Consegui alguns medicamentos, mas disseram que falta amoxicilina”.

Alua Cachimo  levou a sua esposa que sofre de conjuntivite hemorrágica. À semelhança de outros pacientes, não conseguiu todos os fármacos na farmácia pública: “Mesmo ‘fenox’ e outros medicamentos, não tem”.   

Na farmácia do Hospital Central de Nampula também faltam alguns fármacos, sobretudo para o tratamento da conjuntivite hemorrágica. Katiana Emíla Adolfo foi obrigada a recorrer à farmácia privada para conseguir adquirir os medicamentos para curar a conjuntivite do filho, menor de idade. “Na farmácia deram-me ibuprofeno e outros medicamentos não tem”.

A médica-chefe provincial, Selma Xavier, levou a nossa equipa de reportagem para o depósito provincial de medicamentos para mostrar que existem fármacos essenciais em quantidade suficiente para a província de Nampula e diz que a falta de fármacos reportada só pode ter a ver com a gestão de cada unidade sanitária.

“Ainda não temos ruptura de antimaláricos a nível da província. Então, se vamos à unidade sanitária e o paciente não encontra, é um problema de gestão dentro da unidade sanitária”, garantiu a responsável e mencionou denúncias do centro de saúde 1o de Maio, onde confirma que o medicamento estava no depósito da unidade sanitária e não tinha sido disponibilizado à farmácia.

E sobre os medicamentos para a conjuntivite disse: “Nós ficamos duas semanas sem este medicamento porque, como sabem, foi uma situação de surto, são números de que não estávamos a contar. Já tínhamos recebido o medicamento, mas não naquela magnitude que tínhamos para tratar. Então, ficamos duas semanas enquanto esperávamos que o Ministério nos enviasse os medicamentos e chegamos de receber medicamentos tanto em gotas, quanto em pomadas e temos disponível em todas unidades sanitárias”.

Na semana passada, o director do Serviço de Urgência no Hospital Central de Nampula, Suleimane Isidoro, fez saber que não há gesso em quantidades suficientes para tratar doentes de traumas naquela unidade hospitalar de referência em toda zona Norte do país. “Estamos a trabalhar a meio gás. Estamos a receber pequenas quantidades de gesso, mas não aquilo que recebíamos em tempos passados. É normal numa semana recebermos uma quantidade que dá para dois a três dias e termos outros dias que temos escassez”.

A respeito disto, Selma Xavier deu a seguinte justificação: “a situação do gesso é um problema nacional. Temos recebido quantidades não suficientes para aquilo que é a demanda de pacientes que entram nas nossas unidades sanitárias. Não estamos em ruptura, mas a quantidade que temos ainda é insuficiente. Tivemos informação de que o armazém regional já recebeu, mas ainda não temos essa quantidade a nível do depósito provincial”.

Por isso, a médica-chefe apela às pessoas para evitarem acidentes. 

Fonte:O País

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