A detenção em Maputo de Gilberto Aparecido Dos Santos, conhecido nos meandros do crime organizado transnacional por Fuminho, é vista em alguns corredores da opinião pública e da investigação como uma oportunidade para se destapar o véu que encobre vários negócios obscuros, e alguns “legalizados” pelos chamados “testas-de-ferro”, que actuam há décadas em Moçambique.

 

Informações colhidas pela nossa reportagem junto de um quadro sénior envolvido na mega-operação que desmascarou Fuminho (e os seus comparsas nigerianos) dão conta que o rastreio do património do temível barão da droga brasileiro pode ser difícil, mas é possível.

 

Aliás, Elvis Secco, delegado da Polícia Federal do Brasil, disse à imprensa daquele país que o grande objectivo da operação, após a detenção do narcotraficante, é confiscar todas as propriedades por si adquiridas.

 

No levantamento feito junto das autoridades envolvidas na investigação, “Carta” apurou que no bairro 25 de Junho em Maputo – mais concretamente na casa 26 da rua 10, Quarteirão 10 – funciona uma empresa denominada Chaboli Importação e Exportação, detentora do alvará 6798/11/01/RT 2016, que supostamente estaria a ser usada por brasileiros e nigerianos no transporte de cocaína para diversos países, sendo que os cidadãos Kenneth Chiedu Kodilinye e Josiana Cristina Kodilinye são quem desenvolvem as referidas actividades.

 

Entretanto, os proprietários da supracitada empresa encontram-se a residir no High Gate Village, em Joanesburgo, e não em Moçambique. Aliás, a família Kodilinye tem antecedentes criminais no Brasil, embora, oficialmente, esteja a residir na África do Sul há décadas.

 

Sabe-se que, na terra do Rand, Fuminho colaborava com um cidadão turco (nascido na Alemanha) de nome Demir Hassan, em nome do qual não existe, até ao momento, qualquer mandado de prisão.

 

 

Refira-se que Fuminho chegou à África vindo da Bolívia, com um passaporte emitido pelo consulado brasileiro naquele país com o nome de Luiz Gomes de Jesus. O seu visto (com o número 7847934) foi alegadamente emitido no Pará, a 10 de Dezembro de 2015. Teve entradas na Argentina e, posteriormente, na África do Sul.

 

De acordo com a fonte da “Carta”, o bloco em que Fuminho se encontrava hospedado, na área restrita do luxuoso Hotel Montebelo, em Maputo, onde também se encontram hospedados alguns ministros do governo moçambicano desde Janeiro do presente ano (cujos nomes preferimos omitir), foi arrendado por dois cidadãos de nacionalidade nigeriana, sendo que um deles responde pelo nome de Chinedu Obineche – provavelmente um nome falso, de acordo com a nossa fonte.

 

Ainda de acordo com a mesma fonte, acredita-se que “Fuminho” tenha vários negócios com certos grupos de narcotráfico que actuam no território nacional e em outros países vizinhos.

 

Entretanto, esta terça-feira (14) o narcotraficante foi ouvido, na 8ª Esquadra, situada no Porto de Maputo. Na ocasião, não prestou qualquer declaração à imprensa, remetendo quaisquer informações para o seu advogado.

 

A prisão de Fuminho foi legalizada esta quarta-feira, em Maputo, e, posteriormente, aguardará pelos passos subsequentes, no Estabelecimento Penitenciário de Máxima Segurança (EPMS) vulgo B.O.

 

Não obstante, apesar das detenções de Fuminho, de um outro famigerado barão internacional da droga, de umas tantas embarcações transportando droga na costa moçambicana (em Dezembro de 2019) e dos diferentes relatórios que apresentam Moçambique como um corredor da droga, Leonardo Simbine, porta-voz do SERNIC, não reconhece essa realidade. (Carta)

Fonte: Carta de Moçambique

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