Dados da OMS indicam que pelo menos 300 milhões de pessoas têm depressão no mundo
Silenciosa e incompreendida, inclusive por quem sofre do problema, a depressão é uma doença mental que foi recentemente considerada pela Organização Mundial da Saúde como o “mal do século XXI”. Dados da OMS indicam que pelo menos 300 milhões de pessoas têm depressão no mundo. Na pior das hipóteses, pode levar ao suicídio. Em Moçambique, de acordo com o departamento de Saúde mental do ministério da Saúde, existem pelo menos cinco mil e seiscentas pessoas que, em 2016, lhes foram diagnosticadas doenças afectivas, dentre as quais a depressão, a qual pode ser evitada e tratada. Identificar os sinais e procurar ajuda é o primeiro e mais importante passo para a recuperação. Uma jovem que prefere não ser identificada enfrentou a doença há três anos. Tudo começou após perder o seu parceiro. “A minha vida ficou completamente sem sentido. Eu não queria mais fazer nada. Não comia, isolava-me e parei de ir à escola”, lembra. A falta de vontade de comer provocou-lhe um grave problema estomacal e teve de procurar ajuda médica. Foi nessa consulta que recebeu indicação para procurar acompanhamento psicológico, o qual teve durante dois meses e conseguiu vencer a depressão. “As conversas com a psicóloga faziam-me bem. Ela incentivava-me a voltar à minha rotina normal. Não foi fácil, mas consegui. O apoio da minha família e da igreja foi crucial”, conta. A jovem confessa que, durante a fase depressiva, sentiu vontade de cometer suicídio. De acordo com a psicóloga Afsa Bicá, o desânimo, isolamento e perda de apetite são alguns sinais a que se deve estar atento. “Identificar os sinais e procurar ajuda é o primeiro e mais importante passo para a recuperação”, alerta. Depressão tem cura Apesar dos preconceitos associados à depressão, que muitas vezes é tida como algo insignificante, especialistas alertam que ela pode ser tratada. O tratamento pode ser feito por duas vias: medicação e conversas com psicólogo. “A medicação vai ajudar na falta de sono, falta do apetite e vai melhorar o humor, que tende a ficar baixo. Na consulta, será feito um acompanhamento, de modo a que se possa melhorar a auto-estima da pessoa e fazê-la voltar às suas actividades de rotina”, explicou a psicóloga clínica Afsa Bicá. Quando a doença não está num estágio avançado, é possível que o seu tratamento seja feito nos serviços de cuidados primários de saúde. Mas caso a pessoa procure ajuda num estágio avançado da doença, será necessária intervenção psiquiátrica.