Clubes dizem que situação irá provocar prejuízos financeiros

Vinte e quarto horas depois das declarações proferidas por Ananias Couana, presidente da Liga Moçambicana de Futebol (LMF), sobre a interrupção do Moçambola devido a uma exigência das Linhas Áreas de Moçambique para o pagamento de uma dívida de 33 milhões meticais, referente a uma taxa de combustíveis para transportar os clubes, algumas colectividades manifestaram a sua preocupação em relação a anunciada paralisação da prova. Michel Ussene, presidente do Textáfrica do Chimoio, disse ao “O País” que a paragem desta prova vai criar défice na gestão daquele do clube, uma vez que parte do orçamento vem da bilheteira. “Estamos sentidos porque a falta de jogos no Moçambola acarreta problemas financeiros para o nosso clube, as nossas equipas contam com um patrocínio irrisório, no nosso caso não temos um patrocinador oficial, sendo que dependemos da receita gerada pela bilheteira que nos tem ajudado para costear os custos fixos que temos que rondam nos um milhão e oitocentos mil meticais mensais”, lamentou o dirigente.

Para Sancho Quipisso, presidente do Ferroviário de Maputo, a situação poderá prejudicar o plano de trabalhos previamente estabelecido. “Não acolhemos de bom agrado esta decisão porque fizemos uma planificação desde o início do ano e contávamos seguir à risca até o final do ano. Há que fazermos um esforço para apoiar a Liga para rapidamente se encontre uma solução”, disse o presidente. A mesma opinião foi partilhada por Amosse Chicualacuala, presidente do Costa do Sol que avançou que apesar da bilheteira não ter grande impacto no orçamento do clube, a paragem desestrutura a planificação feita para a época. “Qualquer paragem interfere na parte organizativa e na planificação de todo o processo. O pior ainda é o facto de não sabermos quando a prova irá reatar porque assim é difícil planificar”, explicou Chicualacuala.

APESAR DA SITUAÇÃO, CLUBES DEFENDEM MODELO ACTUAL

Para acabar com esta situação, a Liga Moçambicana de Futebol já havia proposto a alteração do modelo desta prova na Assembleia Geral havida em 2017. Uma proposta, entretanto, recusada pelos clubes. De lá para cá meses já se passam, mas os clubes ainda não se dão por convencidos. “O actual modelo é o ideal, jogar todos contra todos. Porque fazer uma competição em regiões pode tirar um pouco do brilho da competição. Ora, as equipas ditas pequenas do Centro do país, não teriam oportunidade de defrontar os grandes do Sul e isso não é bom. Penso que este modelo deve continuar, entretanto, temos que arranjar soluções para garantir com que a continue nestes moldes”, defendeu Chicualacuala, uma opinião também avançada pelo presidente do Textáfrica de Chimoio. “Este modelo traz mais benefícios que prejuízos aos clubes porque permite com que a competição seja a toda extensão do país e permite-nos ver e descobrir os vários talentos existentes no nosso país”, justificou Michel Ussene

CLUBES DEFENDEM INTERVENÇÃO

Face a essa situação, os clubes sugerem a intervenção do governo e adopção de algumas medidas para garantir com que a Liga Moçambicana de Futebol seja sustentável. “Temos que arranjar soluções que permitam a sustentabilidade do futebol e de outras modalidades no país. O Governo poderia colocar taxas muito pequenas nas bebidas alcoólicas, sobre as telecomunicações e outros serviços para canalizar ao desporto, como é feito noutras nações, como é o caso da África do Sul. Isso permite que o desporto caminhe por si, porque assim como estamos é insustentável”, disse Ussene.

Com a paragem do Moçambola os adeptos do futebol perdem o espectáculo, os clubes são obrigados a pagar salários a jogadores que não estão a competir. E mais grave ainda prejudica a selecção nacional de futebol. É que em finais de Maio e princípios de Junho os “Mambas” tem compromissos na Cosafa e em Setembro tem jogos contra a Namíbia que contam para a qualificação ao CAN de 2019. O que quer dizer que caso a situação continue a selecção poderá contar com jogadores sem rodagem.

 

 

Fonte:O País

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