Há barulho na classe empresarial. E alegações de fraude manchando as eleições dos órgãos sociais da Câmara de Comércio de Moçambique (CCM). Há três listas em disputa. A Lista A, de Basílio Simbine (Portador Diário), a Lista B de Arlindo Duarte (Intermetal) e a Lista C de Alvaro Massinga (Sotux). “Carta” apurou que as duas primeiras listas já desistiram de um processo eleitoral que consideram “inquinado”.

 

Os argumentos da Lista A não foram tornados públicos. Apenas a Lista B, de Arlindo Duarte, deixou que suas inquietações fossem vertidas num comunicado que circula nas redes sociais. Duarte é o actual vice-presidente cessante (ele, Intermetal, acaba de se demitir do órgão). Duarte coadjuvara Julião Dimande (Joshi Comercial), que está abalada depois de uma gestão amplamente contestada nos corredores.

 

Para além das alegadas “irreguladades” no actual processo eleitoral, dirigido de forma muito criticada por Luísa Diogo (Absa), “Carta” apurou que a fonte de tanto alarido (e apetite) à volta das presentes eleições é uma: quem ganhar vai ter uma palavra a dizer na venda das actuais instalações da Câmara de Comércio de Moçambique, localizadas na nobre zona do Museu, na Polana A.

 

Fontes de “Carta” asseguraram que as instalações vão ser vendidas para dar lugar a um prédio misto de escritórios e residências. O processo até já estava avançado. A direcção cessante de Julião Dimande já  havia recebido um sinal do grupo português Elevo (com salários em atraso, alegadamente por culpa do Estado moçambicano), que adiantara cerca de 8 milhões de Meticais “como sinal”.  Mas esse negócio terá sido interrompido e o dinheiro devolvido.

 

Entretanto, a Lista B decidiu cair fora do processo eleitoral por ele estar “prenhe de irregularidades”.

 

O imbróglio começou no passado dia 21 de Julho de 2021, quando a Assembleia-Geral Extraordinária da Câmara de Comércio de Moçambique, decidiu pela suspensão das eleições dos órgãos sociais marcadas para aquela data, em virtude da Comissão Eleitoral e as listas concorrentes terem denunciado e apresentado evidências de irregularidades e fraudes no processo..

 

Subsequentemente, a Assembleia deliberou que a Comissão Eleitoral deveria trabalhar no sentido fazer o levantamento das irregularidades e fraudes apresentadas, e que após a conclusão do processo de saneamento, seria marcada uma Assembleia-Geral Extraordinária para apreciar o estágio dos trabalhos levados a cabo pela Comissão Eleitoral e marcar-se a nova data para as eleições.

 

Diz o comunicado da lista B que, levantada a providência cautelar intentada em Tribunal, no lugar de se proceder à marcação da Assembleia-Geral, foi surpreendida com a desistência de uma das listas concorrentes (a Lista A). Ao mesmo tempo, a Lista B observa que foi confrontada com a marcação da nova data das eleições pela Mesa da Assembleia- Geral, em flagrante violação dos Estatutos da CCM, que estabelecem que a data para a realização das eleições para os corpos sociais é da competência exclusiva das associadas, reunidas em Assembleia-Geral.

 

A aditar a estas irregularidades, a Lista B, até a data, desconhece o trabalho realizado pela Comissão Eleitoral para sanar as irregularidades e fraudes atempadamente denunciadas, o que mantém o clima de suspeição e falta de transparência do processo eleitoral, forçosamente marcado ao arrepio das normas estatutariamente previstas.

 

Na sua explanação, a Lista B assume que, tendo em conta as responsabilidades perante as empresas associadas da CCM, que suportam a sua candidatura, submeteu um pedido de marcação da Assembleia-Geral Extraordinária, conforme deliberado na Assembleia Geral do dia 21 de Julho  de 2021, continuando até a data, a aguardar o pronunciamento da Mesa da Assembleia- Geral. A lista supra-citada argumenta que sem que se proceda com uma auditoria ao Caderno Eleitoral, a dissolução e constituição de uma Comissão Eleitoral independente e ainda a fixação do novo calendário eleitoral, não aceitará fazer parte do processo eleitoral. (Carta)

Fonte: Carta de Moçambique

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