Reduziu de 15,75 para 15% a taxa de juro de referência do Banco de Moçambique, aplicada aos bancos comerciais pelo Banco de Moçambique quando pretendem financiar-se. Enquanto isso, os níveis de endividamento do Estado continuam altos e expõem o sistema bancário.
Sendo assim, o custo do dinheiro para as instituições financeiras reduziu. “Esta decisão é sustentada pela contínua consolidação das perspectivas de inflação em um dígito, no médio prazo, num contexto em que a avaliação dos riscos e incertezas associados às projecções mantêm-se favoráveis”, explicou o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.
Com o abrandamento da taxa de juro, espera-se que as instituições financeiras se financiem com um pouco mais de facilidade e, assim, concedam créditos relativamente menos onerosos. Nesse aparente mar de rosas, há um risco: a banca está cada vez mais exposta devido ao aumento do endividamento público.
“A dívida pública interna, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora situa-se em 361,8 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 49,5 mil milhões em relação a Dezembro de 2023”, alertou Rogério Zandamela.
Na conferência de imprensa, realizada na sede do Banco de Moçambique, na cidade de Maputo, o regulador do sistema financeiro, questionado por jornalistas sobre as recentes falhas no sistema de pagamento bancário, explicou que há quem deve ser responsabilizado.
“Compete à instituição comunicar essa informação aos seus clientes que estão a sofrer, que estão a ser castigados, de que olha, temos este problema, estamos a fazer isso e vamos ou não compensar. Não há dúvidas, é responsabilidade da instituição com os seus clientes”, esclareceu o governador, referindo-se aos bancos comerciais com tais problemas de pagamento.
Caso os bancos comerciais não se responsabilizem, o Banco de Moçambique diz que poderá agir através do diálogo, sanções, entre outros.
Sobre o facto de o Estado moçambicano, representado pelo Governo, estar a violar, recorrentemente, a lei orgânica do banco central, ao não canalizar saldos cambiais à instituição, Rogério Zandamela diz que o Governo é quem deve explicar as razões.
“Essa pergunta, na realidade, não é ao Banco de Moçambique que deve ser feita, é ao Estado que deve explicar quais são as dificuldades que o Estado tem de alinhar-se a essas recomendações que têm sido feitas pelos auditores independentes externos”, lançou a responsabilidade o governador do banco ao Governo que representa o Estado.
Quanto à auditoria de suas contas pelo Tribunal Administrativo, o banco diz não temer, até porque tem um auditor independente. “Se o Tribunal Administrativo deve ou não auditar as nossas contas, uma auditoria extra, não compete a mim pronunciar-me. A única coisa é que dou-vos os factos, as nossas contas são auditadas e não temos medo de auditoria. Nossas contas são auditadas, publicadas, agora se há outras instituições, isso são outros que devem pronunciar-se”, referiu o governador do Banco de Moçambique.
Além de jornalistas, participaram da conferência de imprensa, realizada esta segunda-feira em Maputo, quadros do banco central. No evento, o banco central informou que o Comité de Política Monetária de ontem foi antecedido pelo Comité de Estabilidade e Inclusão financeira da instituição, que fez uma avaliação da evolução do risco sistémico e principais vulnerabilidades, o qual concluiu que o sistema financeiro nacional continua estável e resiliente.
“O sector bancário mantém-se sólido, capitalizado e resiliente. Em Março de 2024, o rácio de solvabilidade fixou-se em 25,1%, acima do mínimo regulamentar de 12%, e o rácio de liquidez foi de 50,2%, igualmente acima do nível regulamentar de 25%”, avançou Zandamela.
Quanto às perspectivas de inflação, o Banco de Moçambique continua com o objectivo de manter em um dígito a médio prazo. Em Abril de 2024, a inflação anual fixou-se em 3,3%, após 3,0% em Março.
“A inflação subjacente, que exclui as frutas, vegetais e bens com preços administrados, permaneceu estável. Para o médio prazo, mantêm-se as perspectivas de uma inflação em um dígito, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas tomadas pelo Comité de Política Monetária.
Fonte:O País