Na óptica de Armando Artur, Noémia de Sousa é sinónimo de nacionalismo, consciência e inspiração. Mesmo a propósito dos 20 anos da primeira edição de Sangue negro, que se assinalam esta segunda-feira, dia 20 de Setembro, Armando Artur explica por que a escrita da “mãe dos poetas moçambicanos” continua actual.

Quando o livro Sangue negro foi editado pela Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), a 20 de Setembro de 2001, de facto, Nelson Saúte, Fátima Mendonça e Francisco Noa cumpriram a exigência da autora: editar, primeiro, o livro em Moçambique. Nessa altura, a Secretária-Geral da AEMO era Lília Momplé, que se encontra doente, e o Secretário-Geral-Adjunto era Armando Artur.

A partir de Mocuba, onde se encontra esta sexta-feira, o poeta recuou 20 anos para lembrar o contexto em que a obra saiu com saudade: “A primeira edição de Sangue negro foi uma publicação da AEMO, entanto que casa-mãe da literatura moçambicana. Lembro-me que, na altura, a AEMO também desempenhava a função de editora. Aliás, desde a sua criação, a AEMO desempenhou um papel extremamente importante na edição de livros de escritores moçambicanos. E Noémia de Sousa não podia ser uma excepção, uma vez que ela é uma das vozes poéticas mais importantes do nacionalismo moçambicano.

Além de nacionalista, Noémia de Sousa, disse Armando Artur, é uma das percursoras da literatura moçambicana. “A sua poesia, ora reunida na obra Sangue negro, influenciou em grande medida a criação da consciência mais alargada no seio dos jovens, e não só, daquela época. Estou a lembrar-me que o Presidente Chissano, por exemplo, numa das suas entrevistas, terá confessado que ganhara consciência da necessidade da luta pela independência nacional também influenciado pela poesia da Noémia de Sousa”.

Armando Artur entende que a importância da obra da “mãe dos poetas moçambicanos” é intemporal, uma vez que ela continua, até hoje, inspirando os moçambicanos no processo do seu renascimento rumo à sua plenitude”.

Noémia de Sousa nasceu no dia 20 de Setembro de 1926, na então Cidade de Lourenço Marques (hoje Maputo). O seu primeiro e único livro foi editado um ano antes da poeta perder a vida em Cascais, em Portugal. Tinha, nessa altura, 76 anos de idade. Partiu apenas a artista, a obra, que reúne poesia escrita há 70 anos, permanece.

Fonte:O País

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