Evolução da conexão atual, o 5G promete mais velocidade para baixar e enviar arquivos, menos tempo de resposta entre diferentes dispositivos e conexões mais estáveis. Guia do 5G: tire suas dúvidas
O 5G é a nova geração de internet móvel, uma evolução da conexão 4G atual. A promessa é que ela traga mais velocidade para baixar e enviar arquivos, reduza o tempo de resposta entre diferentes dispositivos e torne as conexões mais estáveis.
A quinta geração de internet móvel também promete a possibilidade de ligar muitos objetos à internet ao mesmo tempo: celular, carro, semáforo, relógio. Tudo isso já pode ser ligado ao 4G, mas é esperada uma melhoria na conexão.
A tecnologia chegou ao Brasil nesta quarta-feira (6), inicialmente apenas em Brasília. Até então, estava disponível somente o 5G DSS, versão mais limitada que é uma espécie de transição entre a quarta e a quinta geração da rede.
Usuários relatam primeiras experiências com 5G após chegada em Brasília
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) diz que São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa receberão a tecnologia em uma segunda etapa, mas ainda não há uma data definida. O prazo para todas as capitais brasileiras receberem o 5G é 29 de setembro de 2022
5 mudanças do 5G na vida das pessoas
O que significa Mbps, Gbps, MHz e GHz?
Hz: hertz, é a unidade de medida de frequência de ondas e equivale a um ciclo por segundo.
MHz: megahertz, representa 1 milhão de hertz (1 milhão de ciclos por segundo).
GHz: gigahertz, representa 1 bilhão de hertz (1 bilhão de ciclos por segundo).
Bps: bits por segundo, é a menor unidade medida de transmissão de dados por segundo.
Mbps: megabits por segundo, representa 1 milhão de bits por segundo.
Gbps: gigabits por segundo, representa 1 bilhão de bits por segundo.
O quanto ele é melhor que o 4G (na prática)?
A média da velocidade 4G no Brasil entre as quatro maiores operadoras é de 17,1 Mbps (megabits por segundo), de acordo com um relatório da consultoria OpenSignal de maio de 2021.
O valor pode variar de região para região, da operadora utilizada e até mesmo do horário em que uma pessoa acessa a rede.
Uma conexão 4G com excelente performance chega a próximo 100 Mbps, segundo Leonardo Capdeville, chefe de inovação tecnológica da TIM.
“Se fizermos uma analogia com o mundo real, 100 vezes mais rápido é a diferença de velocidade entre um ciclista de alta performance e um caça de guerra”, afirmou Capdeville.
O 5G, por sua vez, pode chegar à velocidade entre 1 e 10 Gbps – uma diferença de 100 vezes ou mais em relação ao 4G.
Nem sempre o 5G vai atingir as velocidades absolutas, mas a melhora pode ser significativa.
Infográfico mostra vantagens do 5G em relação ao 4G.
Wagner Magalhães/Arte G1
Essa diferença diz respeito somente à velocidade. Mas o 5G também promete baixa latência, ou seja, um tempo mínimo de resposta entre um aparelho e os servidores de internet – aquele “delay” que acontece em ligações em vídeo, quando é preciso esperar uns segundos até que a pessoa do outro lado veja e ouça o que falamos.
“No 4G, quando é muito boa a latência, ela é de 50 a 70 milissegundos. No 5G, pode ficar de 1 a 5 milissegundos. Estamos falando em reduzir numa ordem de 10 vezes o tempo que uma informação leva para percorrer a rede”, disse Capdeville.
Outra característica do 5G que difere das gerações de rede anteriores é que ele poderá lidar com muito mais dispositivos ligados ao mesmo tempo. A conexão também será mais confiável, pois um aparelho vai poder se conectar com mais de uma antena ao mesmo tempo.
O que o 5G vai permitir?
Essas melhorias de velocidade, tempo de resposta e confiança na rede prometem abrir um leque de aplicações, segundo especialistas.
Tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina devem avançar com o 5G, bem como a chamada “indústria 4.0” com toda a linha de produção automatizada. Cirurgias feitas remotamente, por exemplo, serão mais confiáveis quando a rede oferecer um tempo de resposta mínimo.
Wilson Cardoso, membro do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) e diretor de soluções da Nokia na América Latina, lembra de usos da internet que passaram a ser possíveis com o 4G e faz um paralelo com a novidade.
“Não tínhamos Uber no 3G porque não as características que o Uber pede, de localização, de velocidade, não estavam disponíveis. Essas aplicações surgiram com as redes 4G espalhadas. Quando tivermos o 5G espalhadas, teremos sensores e novas aplicações”, afirmou.
É o caso dos carros autônomos. Eles já existem, mas o tempo de resposta do 4G ainda não é veloz o suficiente para evitar acidentes em situações extremas, além de não suportar tantos dispositivos conectados ao mesmo tempo.
O 5G também pode revolucionar o próprio smartphone, já que as altas velocidades permitiriam que muito do processamento de tarefas deixe de acontecer no chip do aparelho e passe a ser na nuvem, pegando emprestado a potência dos computadores. O mesmo pode acontecer com acessórios médicos, como pulseiras e relógios conectados.
Em termos práticos e do dia a dia, as videochamadas devem se tornar mais claras, a experiência de jogos on-line também deve ser aprimorada, as transmissões de vídeo ao vivo devem travar menos e perder sinal em meio a uma multidão não deve mais acontecer.
Vai ser mais caro?
As operadoras geralmente não oferecem acesso exclusivo a um tipo de tecnologia de rede, mas cobram pela franquia de dados utilizada.
As empresas, porém, ainda não definiram se haverá reajustes nos preços de pacotes de dados, pois ainda vão levar meses até que a tecnologia esteja disponível. Essas definições deverão acontecer conforme a tecnologia chegue a uma cidade.
Vai funcionar no celular que eu já tenho ou vou ter que comprar um compatível?
Ícone do 5G em um iPhone.
James Yarema/Unsplash
Será preciso ter um celular compatível com a tecnologia 5G. Em julhp de 2022, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) listava cerca de 60 modelos homologados. Há aparelhos partindo de R$ 1,3 mil. Com o tempo, a tendência é que todos incorporem a compatibilidade, assim como aconteceu com o 4G.
O 4G vai acabar?
Não. Os celulares atuais continuarão funcionando nas redes 4G, 3G e 2G – essas conexões não deixarão de funcionar. Por isso, você não precisará de um aparelho compatível com o 5G para usar a internet.
Vai substituir a internet fixa?
Não. Embora o 5G seja muito potente e prometa velocidades maiores até do que as que temos em casa, a tendência é que a rede móvel sirva como um complemento.
Para conectar lâmpadas, aspiradores de pó, geladeiras, entre dezenas de outras coisas, o Wi-Fi ainda será a ponte para a internet.
“Para o 5G oferecer a velocidade, é preciso também chegar com a fibra óptica na antena”, explicou Eduardo Tude, presidente da Teleco, empresa de consultoria de telecomunicações.
Para o executivo, a internet fixa vai melhorar independente do 5G. A necessidade de se instalar mais cabos de fibra óptica nas cidades pode acelerar toda a infraestrutura.
O que era o 5G anunciado pelas operadoras anteriormente?
Algumas operadoras já faziam propagandas sobre o 5G, mas ainda não se tratava do 5G “puro”, e sim do 5G DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, da sigla em inglês), que funciona como transição entre a quarta e a quinta geração da rede.
Essa tecnologia usa as mesmas frequências do 4G e oferece uma velocidade maior, mas não chega a entregar o potencial máximo do 5G.
“Essa conexão vai ser importante no conceito futuro da rede 5G, quando a cobertura ainda for restrita. Às vezes você estará em uma região onde você não tem a cobertura total da quinta geração, mas você tem o 5G DSS que ajuda nessa continuidade de conexão”, afirmou Leonardo Capdeville, da TIM.
A promessa das operadoras que oferecem o 5G DSS no Brasil é de velocidades que chegam a 500 Mbps. No uso do dia a dia, os valores são menores, mas superam a média da velocidade do 4G (19,8 Mbps).
A disponibilidade da tecnologia, no entanto, ainda é limitada: somente alguns bairros de poucas cidades possuem essa conexão
O que são as faixas do 5G?
Logo do 5G.
ERIC PIERMONT/AFP
As faixas do 5G são as frequências em que a rede opera. Uma analogia frequente para explicar as faixas são rodovias no ar por onde circulam os dados de internet.
É isso o que foi leiloado pelo governo brasileiro e permitirá que as operadoras passem a oferecer a conexão.
Ao comprar uma faixa, uma empresa pode fazer a exploração econômica (oferecendo conexão para as pessoas por exemplo), mas também precisa cumprir com obrigações previstas pela Anatel (veja mais abaixo quais são).
No Brasil, foram leiloadas faixas de frequência em quatro bandas: 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz e 26 GHz. As principais faixas para o 5G serão:
3,5 GHz, que vão permitir conexões rápidas em longo alcance;
26 GHz, chamada de faixa milimétrica e que vai permitir as aplicações com tempo mínimo de resposta, mas que exige a instalação de mais antenas por ter um alcance de sinal limitado.
A exigência de mais antenas na faixa de 26 GHz e as demandas de cobertura da Anatel são vistas como desafios pelo setor de telecomunicações, pois as regras para a instalação delas são definidas por cada município.
A Lei das Antenas, sancionada em 2015, foi criada para facilitar o processo de instalação de antenas de redes móveis.
Em 2020 um decreto presidencial regulamentou alguns aspectos, como o silêncio positivo, que permite a instalação dos equipamentos após 60 dias caso não haja manifestação por parte de órgãos ou entidades municipais – desde que o pedido siga em conformidade com a legislação.
Instalação de antenas 5G da empresa sueca Ericsson, na Coreia do Sul.
Divulgação/Ericsson
Por que se fala tanto da chinesa Huawei quando o assunto é 5G?
Para que o 5G funcione é preciso instalar antenas compatíveis com a tecnologia. Uma das fornecedoras desses equipamentos é a chinesa Huawei, que esteve envolvida em polêmicas nos Estados Unidos durante a gestão do ex-presidente Donald Trump.
Em maio de 2019, Trump assinou um decreto estabelecendo emergência nacional e impedindo as empresas do país de usarem equipamentos de telecomunicações produzidos por empresas que representem risco à segurança nacional. O governo dele também adicionou a Huawei à lista de proibição comercial dos EUA em 2019.
Huawei
Reuters/Yves Herman
Os EUA afirmam que a China poderia usar equipamentos de rede de empresas de telecomunicação instalados no exterior para espionagem ou interferir no funcionamento da infraestrutura de outros países. Os EUA disseram que haviam provas de que a companhia chinesa poderia acessar redes de clientes, mas não as apresentou.
A Huawei e a China negam as acusações. A empresa chegou a dizer que revelaria detalhes de sua tecnologia para mostrar que não representa risco de segurança aos países que incluírem seus equipamentos em redes de telefonia móvel 5G.
As medidas restritivas à Huawei aconteceram em meio a uma guerra comercial entre China e Estados Unidos, marcada pela imposição de tarifas bilionárias.
Havia pressão do governo americano para que países parceiros não utilizassem equipamentos da empresa chinesa, mas a portaria do governo com bases para o leilão de 5G não vetou Huawei no Brasil, nem qualquer outra empresa de infraestrutura e tecnologia.
A companhia foi barrada no Reino Unido e na Austrália – países que fazem parte do grupo “Five Eyes” (Cinco Olhos), com o qual os EUA mantêm relações de cooperação estreitas em inteligência.
Como os EUA não comprovaram suas alegações, não ficou claro quais dados a Huawei poderia coletar ou como isso representaria um risco concreto para usuários.
“Quem fabrica os equipamentos pode, em teoria, fornecer acesso especial a terceiros, principalmente dados de uso, quantas pessoas estão conectadas e onde, esse tipo de informação”, explicou Altieres Rohr, jornalista especialista em segurança digital.
“Mas os dados transmitidos hoje são criptografados pelos aplicativos. Os apps precisam lidar com redes Wi-Fi públicas e inseguras, então eles adotam medidas que servem para proteger a comunicação em qualquer rede”, completou.
Conselheiros da Anatel haviam informado que o edital não poderia restringir a participação de firmas específicas na implementação do 5G brasileiro. O governo, no entanto, poderia usar a “segurança nacional” como justificativa para impor restrições desse tipo

Globo Tecnologia

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