Os dois sócios principais do escritório Mossack Fonseca foram presos na quinta-feira, horas após da procuradoria do Panamá ter formulado as acusações pelo suposto envolvimento na “Lava Jato”, o maior esquema de corrupção do Brasil.

Ramón Fonseca Mora, ex-ministro-conselheiro do Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, e Jurgen Mossack, foram levados da sede do Ministério Público, para as celas da polícia na capital, para que nesta sexta-feira continue o inquérito iniciado nesta quinta, disse o advogado de defesa, Elías Solano.

Ambos chegaram horas antes ao MP para esclarecer a relação de seu escritório com crimes relacionados a “Lava Jato”.

Solano disse aos jornalistas, na porta da Direcção de Investigação da Polícia Judiciária, que os seus clientes passarão a noite no local, mas que não pesa sobre eles nenhuma medida cautelar porque “a diligência ainda não terminou”.

O escritório, especializado na criação de empresas “offshore”, actuou como uma organização criminosa dedicada a ocultar dinheiro de origem suspeita dentro da “Lava Jato”, de acordo com uma investigação revelada nesta quinta-feira pela procuradora-geral do Panamá, Kenia Porcell.

Segundo a procuradora, o escritório de advogados dava instruções ao seu “encarregado” no Brasil para “ocultar documentos e eliminar evidências” e fazer com que o dinheiro “proveniente do suborno” retornasse “lavado ao Panamá”.

Kenia Porcell também afirmou que a formulação de acusações é fruto de uma investigação conjunta com as procuradorias de outros países, entre eles Brasil, Suíça e Estados Unidos, que durou cerca de um ano.

O advogado de Mossack e Fonseca disse nesta quinta-feira que se trata “acusações forçadas, carentes de provas” e que era “triste” que o Ministério Público se baseasse numa acusação com “cópias simples, extraídas da internet, supostamente procedentes do exterior, mas sem cumprir com os requisitos mínimos”.

Os escritórios da Mossack Fonseca, que é alvo de outra investigação pelos chamados Panama Papers, foram revistados nesta quinta-feira e seus dois sócios compareceram de maneira voluntária para depor na procuradoria por seu suposto envolvimento nos casos investigados pela Lava Jato.

Antes de entrar nas instalações do Ministério Público, Fonseca Mora acusou o Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, de ter recebido durante a campanha eleitoral de 2014 “doações” da Odebrecht, envolvida em um mega escândalo de subornos em diferentes países da América Latina, algo negado depois por Varela em conferência de imprensa.

Também acusou a procuradoria de usá-lo como “bode expiatório”, de abordar as investigações com lentidão e de maneira arbitrária, e de deixar-se manipular pelo governo.

@Verdade – Internacional

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