NÃO esperar que os exploradores de madeira façam a reposição das árvores, é a atitude das comunidades do distrito de Mopeia, província da Zambézia, como forma de reduzir o desmatamento.

 Outro método  adoptado pelos residentes de Mopeia, em busca de resiliência, é a aposta na produção de mudas, para repovoar todas as áreas que vão sendo devastadas em consequência do abate de árvores para extracção da madeira, quer por operadores autorizados quer por ilegais.

Vidal Bila, administrador de Mopeia, disse que pelo facto de a população recorrer, muitas vezes, a práticas que atentam ao meio ambiente, em busca de sobrevivência, as autoridades distritais criaram um grupo de poupança rotativa, que não só permite aos membros ter acesso ao valor para desenvolver outras actividades, como também visa afastá-los de acções de desmatamento por via da produção de carvão ou do corte de  lenha, com  frequência.

Porque nem tudo se resume na madeira, Mopeia potencia o programa “Escola na Machamba do Camponês”, onde a população pratica a agricultura de forma mais organizada, para obter maior rendimento, facto que os colocará cada vez mais longe de acções de degradação do meio ambiente, a pretexto de busca de sustentabilidade.

Na âmbito do seminário nacional sobre as mudanças climáticas, promovido pelo Ministério da Terra e Ambiente, Bila foi um dos convidados e partilhou o que há de melhor em Mopeia, no contexto da mitigação dos efeitos de eventos climáticos extremos. Destacou o papel da administração na definição de linhas de orientação a ser  implementadas pelas comunidades.

Sobre o número de árvores já plantadas neste programa, Bila falou de áreas que estavam completamente devastadas pelos madeireiros, mas que a população conseguiu restaurá-las plantando mais de mil espécies nativas.

“O madeireiro tinha preparado viveiros como mandam as normas, mas depois de extrair a quantidade de madeira que pretendia, abandonou a zona sem honrar o compromisso assumido como condição para a exploração da madeira. Assim, os comités conseguiram, com recurso àquelas mudas, fazer o repovoamento. O mesmo está a acontecer na região de Zanza, embora tenha sido com o apoio de um outro madeireiro”, disse.

 Reconheceu que ainda se deve trabalhar muito no programa de criação dos comités. “Este é o primeiro desafio. O segundo é aprimorar o projecto criado para construção de obras resilientes. “O nosso distrito é propenso a ventos e chuvas que por consequência provocam cheias para além de registar, nos últimos tempos, a ocorrência de sismos, ainda que sejam de pequena magnitude.

“Agora estamos a edificar uma escola na expectativa de que a obra não seja vulnerável e na eventualidade de sofrer  intempérie, o impacto seja menor”, finalizou.

Fonte:Jornal Notícias

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