O alerta foi lançado pelo Hospital Central da Beira (HCB) pois, no início de cada ano, a maior unidade sanitária da região Centro do país recebe material médico-cirúrgico para um período de doze meses.
Nesta transição para o segundo semestre, a unidade sanitária já consumiu a maior parte do material recebido e, segundo foi dado a conhecer ao “O País”, o que resta não será suficiente até Dezembro próximo para atender à demanda.
O HCB diz que tal escassez se deve ao facto de esta unidade sanitária estar a receber, nos últimos tempos, muitos casos relacionados com acidentes de viação.
“Nos últimos tempos, temos recebido em massa pacientes vítimas de acidentes. Vezes sem conta, nós vemos mototaxistas, sem nenhuma formação e sem nenhuma capacitação, que carregam cinco pessoas de uma só vez. E, quando acontece alguma tragédia, são cinco doentes que vão precisar de cuidados, vão precisar de materiais e internamento. Isto, de certa maneira, não estava previsto”, explicou Ana Tambo, directora-clínica do Hospital Central da Beira.
Dada a escassez do material médico-cirúrgico, o atendimento na ortopedia e cirurgia do Hospital Central da Beira tem sido de forma prioritária às vítimas de acidentes. “A prioridade é para aqueles doentes que vão para casa. Damos prioridade aos doentes que serão operados. Nós já fizemos contactos, ao nível do Ministério da Saúde, de modo a pedir reforço destes equipamentos”, assegurou.
Dados em poder do “O País” indicam que, esta semana, o Hospital Central da Beira irá receber o reforço de material médico-cirúrgico. Os serviços de ortopedia do HCB têm capacidade para 88 camas, sendo que, neste momento, estão internados 72 doentes. Destes, 80% foram vítimas de acidentes de viação envolvendo mototáxis. Os dados indicam que, de Janeiro a esta parte, foram registados 26 sinistros contra 17 de igual período do ano passado, que resultaram em 50 vítimas mortais contra 30, seis feridos graves contra sete e 104 ligeiros contra 1.
Para a Polícia de Trânsito, ultrapassagens irregulares, excesso de velocidade e carga e “ganância” pelo dinheiro, têm sido as causas dos acidentes de viação.
É neste sentido que as autoridades desencadearam uma campanha de sensibilização dos mototaxistas.
Fonte:O País