Tudo indica que o apoio ruandês está a sortir algum efeito. Dados avançados pelo Chefe de Estado, no último domingo, indicam que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) recuperaram algumas aldeias do distrito de Mocímboa da Praia, nomeadamente, Diaca, Roma, Nanili e Awasse, este último um ponto estratégico para o acesso ao distrito de Mueda, através da Estrada Nacional N380.

 

As três aldeias estavam nas mãos dos insurgentes desde Agosto de 2020, altura em que os insurgentes ocuparam a vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia.  

 

Falando à nação, naquela que foi a sua primeira comunicação acerca dos ataques terroristas, Filipe Nyusi afirmou que, ainda na noite de domingo, os terroristas tentavam, a todo o custo, recuperar Awasse, porém, estavam a ter uma resposta merecida. Sublinhou que, durante a fuga, após a recuperação daquelas aldeias, o grupo vandalizou algumas aldeias, designadamente Matope, Namande e Nampanha, no distrito de Muidumbe.

 

Em relação ao distrito de Palma, o Chefe de Estado assegurou que as FDS continuam as suas operações de patrulhamento, com vista a clarificar o raio Palma/Quionga e Palma/Pundanhar.

 

“Não se trata de cantar vitórias, porque a luta contra o terrorismo não tem previsão”, sentenciou o Comandante-em-Chefe das FDS, no seu discurso de quase 50 minutos, no qual disse estar orgulhoso do trabalho das tropas moçambicanas, apesar do claro e visível avanço das acções terroristas pela província, desde Outubro de 2017.

 

Cinco distritos de Cabo Delgado sem serviços de saúde devido ao terrorismo

 

Cinco distritos da província de Cabo Delgado estão, neste momento, sem nenhum serviço básico de saúde, devido aos ataques terroristas que se verificam naquele ponto do país. Trata-se dos distritos de Mocímboa da Praia (ocupado pelos terroristas), Quissanga, Macomia, Muidumbe e Palma, severamente afectados pelos ataques terroristas.

 

A informação foi avançada este domingo pelo Presidente da República, durante a sua primeira comunicação à nação, em torno dos ataques terroristas que se registam há quase quatro anos.

 

Segundo Filipe Jacinto Nyusi, a província de Cabo Delgado conta com 39 unidades sanitárias totalmente encerradas, sendo que 11 foram totalmente destruídas, 13 foram parcialmente destruídas e 15 fecharam as portas, devido à insegurança.

 

No seu discurso de quase 50 minutos, Nyusi avançou que 886 funcionários do sector de saúde dos distritos mais afectados foram forçados a prestar serviços em outros distritos, enquanto 48 residências para funcionários foram destruídas. Também houve registo de destruição de sete viaturas, das quais cinco ambulâncias.

 

Mais de 123 mil crianças sem aulas em Cabo Delgado

 

Para além do sector da saúde, os ataques terroristas estão a afectar o sector da educação. Dados avançados pelo Presidente da República indicam que mais de 123 mil crianças foram obrigadas a interromper os seus estudos, enquanto mais de 42 mil foram obrigadas a continuar os estudos em outros distritos.

 

De acordo com Filipe Nyusi, os insurgentes destruíram 46 escolas e cinco Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia. No geral, 219 escolas deixaram de funcionar naquela província e 1.736 professores estão na situação de deslocados, nos distritos de Ancuabe, Balama, Chiúre, Mecúfi, Metuge, Montepuez, Mueda, Namuno, Nangade, Meluco e Pemba. Oito professores foram assassinados nos distritos de Muidumbe, Macomia, Nangade e Palma.

 

Refira-se que desde o início dos ataques terroristas, mais de duas mil pessoas morreram e mais de 800 mil estão na condição de deslocados, encontrando-se nos distritos das províncias de Cabo Delgado, Nampula, Niassa e Zambézia. (Carta)

Fonte: Carta de Moçambique

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *