Relatório de organização que reúne instituições de ensino e ambientalistas aponta que uso da terra e agropecuária respondem por 72% das emissões do país. Alta no desmatamento da Amazônia ajudou na alta das emissões, de acordo com o relatório
Arquivo/Ueslei Marcelino/Reuters
As emissões dos gases do efeito estufa no Brasil aumentaram 9,6% em 2019, em comparação com 2018. Os dados fazem parte do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgado pela organização não-governamental Observatório do Clima (OC).
Principais pontos:
As emissões foram puxadas pela alta do desmatamento na Amazônia;
Foram 2.17 bilhões toneladas de CO² em 2019;
Em 2018, foram 1,98 bilhão em 2018;
Uso da terra (inclui desmatamento) e agropecuária somam 72% das emissões do país;
O setor de energia responde por 19% do total.
Emissões de gases por setor no Brasil
G1
O Brasil está em sexto lugar entre os emissores do mundo – ou em quinto lugar, se não for considerada a União Europeia. As emissões de CO² – principal gás do aquecimento global – por cada indivíduo também estão acima da média do planeta (7,1 toneladas): cada brasileiro gerou 10,4 toneladas no ano passado.
A Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) tinha a previsão de que o país reduzisse as emissões entre 36,8% a 38,9% até o final de 2020.
“Com um governo negacionista da mudança climática e que nem sequer entregou um plano de implementação da NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) até agora, nossa participação no Acordo de Paris se resume a uma assinatura num pedaço de papel. Isso terá consequências sérias para a inserção internacional do Brasil e para nosso comércio exterior nos próximos anos”, disse Márcio Astrini, secretário-executivo do OC.
Agricultura brasileira sabe que pode cumprir o Acordo de Paris, diz ministra
Queimadas no Brasil impedirão o país de honrar o Acordo Climático de Paris, conclui estudo da Unemat
Países precisam triplicar esforços para alcançar objetivo do Acordo de Paris até 2030
Demissões na área de combate às mudanças do clima
Em fevereiro deste ano, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) demitiu duas autoridades de alto escalão que atuavam no combate às mudanças climáticas, deixando os postos vagos em um momento no qual o país está sob os holofotes por causa dos gases de efeito estufa liberados pela devastação da Floresta Amazônica.
O ministério disse que “as substituições na Secretaria de Relações Internacionais visam dar nova dinâmica para a agenda de adaptação às mudanças climáticas da pasta”, sem dar detalhes. O governo do presidente Jair Bolsonaro já havia reduzido a ênfase na área que combate o aquecimento global dentro do ministério, transformando um cargo de nível de secretário para a mudança climática em uma diretoria.
Aquecimento global vai elevar nível do mar em até 1 metro em 8 décadas, aponta IPCC
VÍDEOS: efeitos do aquecimento global no Brasil
Fonte