A terceira fase das manifestações populares convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial apoiado pelo partido PODEMOS, em protesto contra os resultados eleitorais e o assassinato do advogado Elvino Dias e de Paulo Guambe, está a provocar caos, ruptura de produtos e especulação de preços em Maputo.
Numa ronda feita pela “Carta de Moçambique”, foi possível verificar, em alguns pontos da cidade de Maputo, uma corrida desenfreada em busca de alimentos para reforçar a logística doméstica nos próximos sete dias, durante os quais os estabelecimentos poderão não abrir as suas portas por conta das manifestações.
Na cidade de Maputo, os supermercados estiveram lotados, com filas longas para entrar e efectuar o pagamento, enquanto as estradas se tornaram praticamente inacessíveis devido ao elevado número de viaturas, criando um autêntico clima de desespero para quem estava à procura de mantimentos.
Segundo apurou a “Carta”, no Mercado Grossista do Zimpeto, que abastece a cidade de Maputo e arredores, as manifestações que começam hoje tendem a causar a escassez de produtos e aumento de preços. A batata, por exemplo, está a deteriorar-se e o preço de um saco varia entre 450 e 580 Mts, contra 350 a 400 Mts das semanas anteriores.
Ontem, os comerciantes mostravam-se satisfeitos, pois, o cenário de vendas era quase semelhante ao da quadra festiva, com intenso movimento e até mesmo sem espaço para percorrer todo o mercado. Nos contentores ao redor do mercado, era notória a enchente e, mesmo com os preços a disparar, os munícipes buscavam comprar para garantir mantimentos para os próximos sete dias.
O preço do arroz, por exemplo, que há duas semanas era adquirido a 1.650 Mts por saco, hoje custa 1.720 Mts. A caixa de leite cremosa de 750 gramas, que antes era vendida a 220 Mts, agora está a 250 Mts; a folha de chá que antes custava 75 Mts subiu para 90 Mts; e a caixa de tomate de 22 quilogramas, que era adquirida por 350 ou 400 Mts, agora custa entre 700 e 800 Mts.
Em relação aos produtos frescos, a caixa de asinhas de 10 quilogramas, que há dias era possível adquirir por 1.350 Mts, agora custa 1.550 Mts, uma subida de 200 Mts. Os frangos, que eram vendidos a 265 Mts por unidade, agora custam 280 Mts.
Os comerciantes afirmam que o cenário pode piorar nos próximos dias, visto que os camiões que abastecem o Mercado Grossista estão a deslocar-se de forma tímida à vizinha África do Sul (onde é adquirida boa parte dos produtos), temendo as manifestações.
Entretanto, a chuva que vem caindo em alguns pontos do país, bem como na África do Sul, está a influenciar a baixa disponibilidade de batata reno. Algumas “bancas” estão às moscas e parte dos camiões vazios, aguardando a melhoria da situação para irem ao campo trazer mais mercadorias. (Marta Afonso)
Fonte: Carta de Moçambique