Dados constantes em Demonstrações Financeiras Resumidas referentes ao exercício económico de 2020 da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) indicam que a empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM) continua sendo a maior devedora daquela produtora de energia.

 

O saldo da dívida da EDM à HCB, em 2020, situou-se em 12 mil milhões de Meticais, valor superior aos 8 mil milhões de Meticais registados em 2019. A dívida certamente reflecte o facto de a tarifa praticada pela empresa (EDM) no ano findo não ter coberto os custos de aquisição à HCB, uma razão que foi evocada no ano anterior para justificar a elevada dívida com a produtora de energia.

 

Depois da EDM, segue-se a empresa zimbabueana de electricidade, ZEZA, com um saldo de dívida, até 31 de Dezembro de 2020, de 5.6 mil milhões de Meticais, contra 2.5 mil milhões do ano anterior.

 

A África do Sul, através da sua empresa de electricidade ESCOM, também lesou as contas da HCB, em 2020, com uma dívida avaliada em 2.2 mil milhões de Meticais, contra 2 mil milhões registados em 2019.

 

A Bolsa Regional de Energia (SAAP) também contribuiu com uma dívida avaliada em 150 milhões de Meticais, contra 104 milhões registados no ano anterior.

 

Como consequência, a HCB viu-se obrigada a considerar, em Demonstrações, as dívidas como prejuízos. Isto é, com as dívidas dos clientes acumulou imparidade total avaliada em 8.7 mil milhões de Meticais.

 

Lembre-se que, com a produção, transporte e comercialização de energia eléctrica, a HCB facturou (lucrou) no ano passado cerca de 10 mil milhões de Meticais (cerca de 57,7% superior ao ano anterior), valor mercê da produção total de energia de 15.350,8 GWh de energia, 2,7% acima da meta planificada e 4,7% superior à produção de 2019.

 

Com esses resultados, a HCB conseguiu efectuar o pagamento de 1.697,6 milhões de Meticais de dividendos aos accionistas, desta vez estendida aos mais de 17 mil novos que se juntaram à estrutura accionista com a colocação de 4% com a Oferta Pública de Venda (OPV) de acções, em 2019. (Evaristo Chilingue)

Fonte: Carta de Moçambique

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