O POLÍTICO sul-africano Mangosuthu Buthelezi considerou que a actual “cisão” no partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC) poderá colocar o país “à beira de uma guerra”.

Em entrevista à Agência Lusa, o primeiro-ministro dos amaZulu, principal grupo étnico na África do Sul, atribuiu as causas de uma potencial “guerra” no país à “cisão” do ANC, devido, entre outros, a múltiplos casos judiciais por alegada corrupção de que o partido no poder é alvo, nomeadamente no mandato do antigo Chefe de Estado Jacob Zuma.

“Este país parece estar à beira da guerra porque os casos judiciais do ex-Presidente Zuma estão perante o Tribunal Constitucional e já foi sugerido que ele deveria ser preso, enquanto alguns membros do ANC disseram que o vão defender, ninguém vai prendê-lo. Para mim, isso significa estar a caminho de uma agitação social ou guerra e a cisão no partido no poder é uma realidade, todos sabem disso”, referiu Buthelezi.

“Estamos realmente a passar por uma fase muito difícil neste país, onde podemos esperar que qualquer coisa aconteça”, frisou o antigo Ministro do Interior nos governos dos Presidentes Nelson Mandela e Thabo Mbeki, de 1994 a 2004.

Mangosuthu Buthelezi, de 92 anos, que falava à LUSA em Ulundi, na sede do Partido Livre Inkatha (IFP, na sigla em inglês), que fundou em 1975, sublinhou que “até o Tribunal Constitucional parece estar a vacilar, ao indicar a Zuma que considere o castigo que pretende escolher”, considerando que “é uma decisão sem precedentes de um tribunal” na África do Sul.

“Há muitas questões na política do ANC e também na aliança com o Partido Comunista da África do Sul e com a COSATU (Central Sindical), cuja liderança é comunista”, sublinhou Buthelezi, atribuindo o estado da economia do país à influência destas organizações.

A razão pela qual a economia do país está neste estado é por causa da sua influência, eles realmente não se separaram do socialismo e mesmo no ANC ainda se acredita no socialismo, salientou.

“Não compartilhamos a visão do ANC, isto é, a luta entre nós não acabou porque acho que não terei acordo, até na expropriação de terras temos grandes diferenças, então a luta continua”, frisou Mangosuthu Buthelezi, referindo-se à proposta do governo do ANC para a alteração da lei de expropriação de terras sem compensação financeira.- (LUSA)

Fonte:Jornal Notícias

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