ASSINALA-SE hoje, 20 de Junho, o centenário natalício de Eduardo Chivambo Mondlane, fundador e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO). Para assinalar a efeméride, o “Notícias” traz nesta edição uma entrevista concedida por André-Daniel Clerc, tutor do Arquitecto da Unidade Nacional, durante a sua passagem pelo país em 1975. A matéria, da autoria do jornalista José Rui Cunha, foi publicada no dia 18 de Maio de 1975, tal como vem a seguir:

Eduardo Chivambo Mondlane morreu no dia 3 de Fevereiro de 1469, vítima de um atentado à bomba, em Dar-Es-Salaam. Seis anos depois, liberto da opressão fascio-colonialista, o povo moçambicano assinalou o aniversário da morte do primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique. Muito se tem escrito sobre a vida e obra de Mondlane. Hoje, com revelações inéditas, publicamos um relato sobre a juventude do homem que alicerçou a independência de Moçambique. Em entrevista concedida pelo tutor de Mondlane, Dr. André-Daniel Clerc, de passagem pelo nosso país, o “Notícias” revela extractos da vida do primeiro Presidente da FRELIMO que poderão constituir importante documento para que o povo melhor conheça o homem que tornou possível a Revolução que hoje se vive.

QUEM É O TUTOR DE MONDLANE

“O nosso filho morreu de doença incurável. Pouco tempo depois, a 3 de Fevereiro, Eduardo Chivambo Mondlane era assassinado. Num curto espaço de tempo perdemos dois filhos” – estas as palavras de André-Daniel Clerc, protestante de nacionalidade suíça que veio a Moçambique pouco antes da independência. Acompanhado da esposa, este missionário declarou na altura que, para além de viver o novo momento histórico do país onde residiu 39 anos, vinha rever amigos, muitos deles libertos da prisão da PIDE/DGS na Machava. Outros pereceram ali, pouco antes do 25 de Abril, como Zedequias Manganhela. Recordações de Mondlane que ele criou, também estão patentes no território que agora revê. Por isso, em viagem de saudade, o Dr. André-Daniel Clerc estava em Moçambique e, hoje, Mondlane, a sua juventude e sua obra estão nesta entrevista.

Em 1945/46, de férias na Suíça, o Dr. André Clerc escreveu um livro, cujo personagem principal era Eduardo Mondlane. No entanto, para que “Chivambo” não fosse perseguido pelo regime fascio-colonial, o nome foi distorcido e o livro publicado sob o título de “Chaitlanjou”.

Na altura com 72 anos, o nosso entrevistado formou-se em Direito para efectuar trabalho social. O elemento humano é que contava para si. Naquele tempo, na Suíça, André Clerc não tinha possibilidades de exercer o trabalho para o qual se sentia com vocação. Tinha lido muito Livingstone. Esse estudo influenciou-o. Contactos com educadores na Suíça cimentaram o seu sonho: África era o continente onde a sua vida poderia ter sentido. E com esse objectivo contactou com a Missão Suíça. Nessa altura, um dos bons professores da missão deixou Moçambique. André Clerc teve que estudar em escolas primárias o português, aprendizagem que lhe seria essencial em Moçambique. Em 1929 estava em Ricatla (Marracuene) onde trabalhou durante um ano. Foi transferido para Lourenço Marques doze meses depois e começou a ensinar o programa da quarta classe. Utilizou o método de Freinet, comunista francês conhecido como “educador do povo maltratado”. O colonialismo, com suas estruturas, estava atento. E algumas escolas onde o método era utilizado foram encerradas. Vítimas da opressão, como todo o povo moçambicano, os missionários suíços mais se sentiam ligados aos negros. Freinet continuava a não ser ignorado. André Clerc correspondia-se com ele, já que o comunista francês gostava de ser informado sobre todos os aspectos das experiências no campo da educação em África.

O JOVEM AFRICANO

O nosso interlocutor relembra algumas passagens da sua vida em Moçambique. Noutras, cujos nomes de personalidades a memória atraiçoa, prefere interromper o repórter e dizer-lhe para não tomar nota. “Não quero induzir em erros, risque” – refere André Clerc que conta:

“A vida do pequeno pastor no mato era interessantíssima. Formavam-se pequenos grupos, cada qual com o seu responsável. Em discussão aberta e fomentando crítica, incutia-se o sentido de responsabilidade em todos os actos, em todas as tarefas. Em vez de importar obras europeias, dialogava-se frequentemente com colegas africanos, caso de Abraão Andasse e Mateus Sansão Muthemba (mais tarde assassinado em Dar-Es-Salam). Todos eles me falavam do jovem africano, da sua vida, e das experiências que a partir dele se adquiriam. Aproveitámos todos os ensinamentos e iniciámos a formação de grupos, alimentando um sentido de responsabilidade orientado para o campo educacional. As tarefas eram discutidas e criticadas em grupo. Nesta altura, surge Eduardo Mondlane, um rapazote de 10 ou 12 anos, aluno da Missão Suíça de Maússe. Ouviu falar dos grupos (que designávamos por patrulhas, embora na língua portuguesa o termo tenha significado diverso) e interessou-se. Os rapazes, no entanto, disseram-lhe: “Se queres conhecer os nossos segredos e conviver connosco, faz o acto de candidatura”.

O rapazote de 10 ou 12 anos entrou no grupo, começando a receber as primeiras lições religiosas. Em 1936, queria concluir a escola primária e não sabia como organizar a sua vida.

MONDLANE: JOVEM ESTRANHO

“Para que a sua pretensão fosse possível, contratámo-lo para o nosso pequeno hospital, localizado perto da minha casa, em Lourenço Marques, (hoje Maputo). Foi-lhe confiada a tarefa de lavar a roupa suja da sala de operações. Ninguém gostava, nem todos se sentiam com coragem para encarar diariamente o sangue que manchava as roupas. Pouco depois de admitido, uma enfermeira trouxe o Eduardo à minha casa, intrigada com o seu estranho procedimento: patenteava sempre um rosto amargurado e fazia o serviço a cantar. Aquilo soava-lhe como um lamento. Em virtude do seu comportamento transitou para a minha casa, onde para além de efectuar alguns pequenos trabalhos, particularmente de jardinagem, passou a ser meu aluno. Poucos anos depois, formou-se como catequista da juventude. Trabalhou comigo no seio de grupos de jovens, na cidade e arredores. Vivia tudo com interesse extraordinário, mas notava-se que Eduardo não se sentia satisfeito. Temia a estagnação, tinha ambições”

ESCOLA CLANDESTINA

O tutor do primeiro Presidente da Frelimo interrompe-se por vezes. Medita alguns segundos, parece reviver o que se passou muitos anos atrás. Por vezes o seu olhar reflecte angústia. Recorda Mondlane transferido para a missão americana de Cambine, em Inhambane, para ser técnico de agricultura, e regressando, dois anos depois, a falar e a escrever Inglês. Os seus progressos e capacidade de captação começam a tornar-se notados. Tinha 22 anos. Pede para prosseguir os estudos. Quer saber mais, possuído de uma verdadeira ânsia de conhecimentos. É o nosso entrevistado que esclarece:

“A única possibilidade que se nos apresentava era mandá-lo para a África do Sul, onde a missão suíça tinha escolas de ensino secundário. Mas Mondlane não era muito conhecido e certas pessoas consideravam um risco enviá-lo para fora do país, pois poderia não regressar. Queriam provas do seu interesse pelo povo irmão, pela Igreja.

Desencadeou uma acção política e militar revolucionária não sem meditar profundamente e atender aos perigos que isso representava para ele e para o povo moçambicano. A decisão – a luta armada – era a única via possível para libertar o povo oprimido.

“Foi então enviado para uma pequena paróquia perto de Mandlakazi, terra da sua naturalidade, como catequista. Ali, organiza uma pequena escola clandestina, cuja existência nunca seria do conhecimento da administração da zona. Devo dizer – salienta André Clerc – que este espólio – o da criação da escola clandestina – foi me revelado apenas dez anos depois, num relatório do Eduardo. Tal era a consciência de que o trabalho deveria ser mantido em segredo. Ninguém, nenhum habitante de Mandlakazi, atraiçoou Mondlane, denunciando a existência da escola. E porquê? Pelo seu trabalho, pela sua maneira de ser, todos o respeitavam, tratando-o por “Chivambo” – antigo chefe daquela região, muito estimado e que Mondlane, pela sua conduta, fazia recordar. Começaram a confiar nele, constataram que se interessava pelos seus irmãos, pela sua Igreja. “Mondlane passara no exame e iria para a África do Sul”.

PERSONAGEM CAMUFLADA DE UM LIVRO

O moçambicano, o catequista da missão suíça foi para o Transval Norte. Por altura das férias intercalava o tempo de que dispunha, ora em casa do tutor, ora em Mandlakazi. Em casa de André Clerc, este revelou-lhe certa vez:

“Mondlane contaste me coisas muito interessantes sobre a vida dos rapazes africanos em Moçambique e tenho muitos dados obtidos nos teus cadernos e mesmo do que sei de ti. Da Suíça, pedem-me um livro que verse a vida do jovem africano”.

Em 1945/46, de férias na Suíça, o Dr. André Clerc escreveu um livro, cuja figura principal era Eduardo Mondlane, no entanto, para que “Chivambo” não fosse perseguido pelo regime fascio-colonialista, o nome foi distorcido e o livro foi publicado sob o título “Chaitlanjou”.

As edições, em alemão, francês, inglês e finlandês esgotaram-se rapidamente. Mondlane seria mais tarde reconhecido na Suíça como personagem do livro e homenageado.

EXPULSÃO DA ÁFRICA DO SUL

No Transvaal, Eduardo Mondlane fez a “Matric”. Apesar de não ter a instrução primária em inglês, em quatro anos apenas conclui os estudos secundários na África do Sul e foi admitido na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, destinada a brancos. Estudou sociologia, porque o aconselhámos a seguir um curso que lhe servisse para desenvolver um trabalho social em Moçambique. Além disso, era essa a sua vocação – esclarece André Clerc.

Em Moçambique, o trabalho que se procurava desenvolver, não, evidentemente, a nível das estruturas do governo colonialista, mas sujeito a todas as barreiras que este impunha, era de promoção social, de luta contra o alcoolismo, a prostituição e contra quaisquer formas de degradação no seio do povo. O curso e a experiência de Mondlane seriam portanto muito úteis neste país.

Todavia, por ocasião de uma remodelação no governo racista sul-africano, apologista do apartheid, Mondlane foi expulso da universidade. Professores e estudantes brancos de Witwatersrand organizaram reuniões de protesto, mas nada alterou a decisão governamental.

PRESO PELA PIDE

Eduardo Mondlane teve de regressar a Moçambique. Quando aqui chegou, foi preso pela PIDE. Permaneceu nesta situação cerca de quinze dias. A polícia política do governo opressor de Salazar pretendia conhecer as ideias políticas de Mondlane. Mas é André Clerc que relata:

“Quando saiu da prisão, o director disse-lhe que estava satisfeito com as suas respostas e ofereceu-se para lhe proporcionar algo que o recompensasse, talvez, pelo tempo perdido e incómodos a que tinha sido sujeitado. Mondlane pediu um visto para os Estados Unidos. E realmente deram-no. Entretanto, a Universidade de Witwatersrand comunicou-me que Mondlane poderia fazer as provas escritas do primeiro ano aqui em Moçambique, enviando-as posteriormente para a África do Sul. Neste lapso de tempo, e durante algumas semanas, Mondlane trabalhou com o Dr. Laubach, de nacionalidade americana, apóstolo da luta contra o analfabetismo, campo que interessava sobremaneira o meu rapaz. Neste contexto, Mondlane ajudou a redigir os primeiros manuais de alfabetização em Ci-Ronga e Changana. Entretanto, terminadas as provas universitárias, com resultado positivo, impunha-se organizar o seu futuro. O visto para a América não era suficiente. Concordamos que frequentasse durante um ano a Universidade de Lisboa, pois, a desenvolver o seu trabalho em Moçambique, seria vantajoso possuir uma certa cultura portuguesa para que pudesse adaptar os seus conhecimentos ao meio. Neste capítulo, gostaria de rectificar algo que tenho visto em algumas biografias de Eduardo Mondlane – salienta André Clerc. Lê-se que foi obrigado a ir para a Universidade de Lisboa pelo regime de Salazar. Não é verdade. O assunto foi decidido por mim e pelo Eduardo, em face das vantagens que daí usufruiria”.

Embora tivesse cursado em inglês o ensino secundário, assim como o primeiro ano universitário, Mondlane surpreendeu toda a gente ao passar nos exames, no fim de um ano de estudos em Lisboa.

André Clerc parece não ter ficado surpreendido, porque nos afirmou: “Ele lia como um ‘maluco’. Era dotado de uma cultura extraordinária”.

NA AMÉRICA COM PASSAGEM PELA SUÍÇA

Em 1951 Mondlane visitou rapidamente a Suíça. Os elementos da nossa Igreja conheciam-no, sabiam que ele era o personagem do “Chaitlanjou” e homenagearam-no. Chivambo autografou mesmo alguns exemplares da obra escrita por André Clerc. O tutor do homem que pela primeira vez teve a noção de unidade do seu povo continua a narrar:

“Finalmente, foi para os Estados Unidos. Durante um ano, estudou no Oberlin College e transitou para a Nort Western University, perto de Chicago, onde se formou em Filosofia, Psicologia e Ciências Sociais. Foi um estudante brilhantíssimo. Nenhuma das minhas visitas aos Estados Unidos, um dos professores do Eduardo cumprimentou-me com entusiasmo e jamais esquecerei esta frase: “O que fizeram vocês em Moçambique para nos enviarem um estudante tão excepcional”?

Os problemas africanos começaram a ter importância relevante, como ainda têm. Neste capítulo, Mondlane revelou-se uma personalidade de elite, chegando a dirigir discussões e alimentando debates com professores especializados. No fim dos estudos, travou conhecimento com Janeth Johnson, estudante distinta de Filosofia. Casaram-se.

NA ONU

Para prestar informações acerca dos territórios “sob mandato” e atendendo-se sobretudo à sua capacidade de moçambicano, Mondlane ingressou nas Nações Unidas, em 1960. Os contactos com políticos africanos eram frequentes. Um ano depois, o moçambicano é destacado para os Camarões, onde se realizava um plebiscito a nível regional, como um dos enviados da ONU encarregados de informar a população sobre alguns aspectos da questão. Janeth Johnson e os dois filhos aproveitaram a deslocação aos Camarões para conhecer Moçambique. Hospedaram-se na casa de André Clerc. Dois meses depois, Mondlane vem ao seu país. Fica impressionado com a situação estagnada do povo. As condições não eram melhores, nada tinha mudado desde a sua partida, particularmente no sector da educação. O povo poucas possibilidades tinha de frequentar escolas, que existiam em número reduzidíssimo e situadas em locais privilegiadas.

A família regressou aos Estados Unidos e Mondlane é destacado professor da Universidade de Syracuse. Dali é transferido para a Universidade Dar-es-Salam. Pouco depois, sentiu-se chamado para organizar uma acção política a favor dos seus irmãos de Moçambique. Pela primeira vez, um moçambicano tem consciência da unidade do povo e começa a construí-la.

O governo de Salazar não reconhece o direito do povo à independência. Não há outra solução a não ser a luta armada de libertação. Mondlane define correctamente o inimigo. Inicia-se a luta. André Clerc faz questão de acentuar:

“Mondlane sentiu sempre que a sua acção deveria ter uma base espiritual e cristã. Mesmo na política. Vi-o pouco antes da sua morte e constatei que na essência a sua vida não tinha mudado. Desencadeou uma acção política e militar revolucionária, não sem meditar profundamente e atender aos perigos que isso representava para ele e para o povo moçambicano. A decisão – a luta armada – era a única via possível para libertar o povo oprimido”.

INTERESSE PELOS AMIGOS

O tutor de Mondlane refere ainda que nos contactos frequentes que tinha na Suíça, o construtor da unidade moçambicana procurava sempre saber notícias dos amigos.

Deslocava-se frequentemente àquele país para tratar dos problemas de refugiados moçambicanos. Sempre que se encontravam, Mondlane e Clerc passavam alguns dias juntos.

Mondlane foi expulso da Universidade de Witwatersrand. Professores e estudantes brancos organizaram reuniões de protesto, mas nada alterou a decisão governamental.

“Também nunca deixei de interessar-me pelas pessoas com quem convivi e a quem me une profunda amizade”, diz-nos André Clerc, que prossegue:

“Por isso aqui estou, pela primeira vez depois da minha saída, em 1968. foi com mágoa que tomei conhecimento da morte de Zedequias Manganhela. Natural de Maputo e presidente da comissão sinodal da Igreja Presbiteriana em Moçambique, foi vítima da PIDE/DGS, tendo sucumbido às torturas na Machava, pouco antes do 25 de Abril. Era também amigo de Mondlane. Manganhela formara-se no Alvor, na Escola de Professores Primários. Fora escolhido para o curso de teologia da Igreja Presbiteriana e viajara muitas vezes pelo Brasil, Portugal e Suíça. Personalidade conhecida, a sua prisão teve repercussões internacionais, tanto assim que as autoridades coloniais se viram obrigadas a fazer um inquérito e libertar na altura alguns prisioneiros políticos. No entanto, Manganhela continuou detido e viria a morrer na prisão da Machava. A sua morte foi noticiada em todos os jornais, embora, evidentemente, em território português o facto tivesse passado ignorado”.

André Clerc fala depois de Janeth Mondlane e dos três filhos – Eduardo, Chude (nome da primeira mulher do pai de Mondlane, que o criou até a adolescência) e Nyeleti (estrela em Changana), no ano da entrevista com 17, 15 e 13 anos – todos na altura em Dar-Es-Salaam.

Quando passou por Moçambique, em Maio de 1975, o Dr. André-Daniel Clerc trabalhava em Lausane, na Suíça, na organização dos arquivos da Missão Suíça em Moçambique. Tinha cartas de Mondlane que felizmente não tinha inutilizado. A correspondência era trocada através de amigos comuns residentes no estrangeiro. A sua residência em Lausane foi visitada por moçambicanos amigos de Mondlane, incluindo Samora Machel e Armando Panguene.

NOTA: A pedido do entrevistado não foram divulgados neste trabalho alguns pormenores considerados íntimos. Estava, na altura, em preparação um livro sobre a vida de Eduardo Mondlane. Alguns das suas passagens são reveladas, pela primeira vez, nesta entrevista. Foram respeitadas algumas palavras de Eduardo Mondlane, particularmente sobre o comentário que fez quando André Clerc, uma vez, foi interrogado por um inspector da PIDE/DGS. 

    Fonte:Jornal Notícias

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