Político está há seis anos a fugir da justiça espanhol.
O antigo presidente catalão, Carles Puigdemont, anunciou, esta quarta-feira, que iniciou a sua viagem de regresso a Espanha.
“O Parlamento da Catalunha convocou todos os deputados para o debate de investidura do próximo presidente da Generalitat. Tenho de lá estar e quero lá estar. É por isso que iniciei a minha viagem de regresso do exílio”, afirmou numa mensagem nas suas redes sociais.
Puigdemont, eleito deputado autonómico nas eleições catalãs de 12 de maio, disse que iniciou “a viagem de regresso do exílio” com o objectivo de estar presente, na quinta-feira, em Barcelona, na sessão parlamentar em que será votada a investidura do socialista Salvador Illa como novo presidente do governo regional (conhecido como Generalitat).
Recorde-se que Puigdemont abandonou o país após a tentativa abortada de secessão da Catalunha em 2017, para escapar à justiça espanhola. Acusado de desvio de fundos e investigado por alta traição, os meios espanhóis indicam que as autoridades pretendem deter o homem assim que aterrar em território espanhol.
Puigdemont, que protagonizou uma declaração unilateral de independência da Catalunha em 2017, defendeu que a sua detenção seria “arbitrária e ilegal”, por estar já em vigor a lei de amnistia para separatistas da região, aprovada pelo parlamento de Espanha.
O Tribunal Supremo espanhol recusou, num primeiro parecer, aplicar a amnistia a Puigdemont, que apresentou recurso desta decisão e aguarda uma resposta.
“Não podemos calar perante a atitude de rebelião do Tribunal Supremo”, disse hoje Puigdemont, que acusou a justiça espanhola de querer bloquear a “vontade popular que se expressa através dos parlamentos”.
O “desafio” do Tribunal Supremo “tem de ter uma resposta e de ser confrontado” em nome da democracia, disse Puigedemont, para justificar o regresso a Espanha na quinta-feira.
A detenção de Puigdemont, se se confirmar, deverá levar à suspensão ou adiamento da sessão parlamentar para investir o novo líder da Generalitat, segundo declarações do presidente da assembleia regional catalã, Josep Rull, e de vários partidos.
Apoiantes e adversários de Puigdemont convocaram já concentrações e manifestações para quinta-feira, para as imediações do edifício do parlamento da Catalunha, situado no Parque da Cidadela de Barcelona.
A polícia está já a preparar um perímetro de segurança em redor do edifício e vai blindar todos os acessos ao parlamento, segundo fontes policiais.
O Partido Socialista da Catalunha (PSC, estrutura regional do Partido Operário Espanhol, PSOE) foi o mais votado nas últimas eleições catalãs, em que as forças independentistas perderam a maioria absoluta que nos últimos 14 anos garantiu sempre executivos separatistas na região.
Salvador Illa negociou o apoio da independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que foi o terceiro partido mais votado, para ser investido presidente da Generalitat.
O outro grande partido independentista, o Juntos pela Catalunha (JxCat, conservador), de Carles Puigdemont, foi o segundo mais votado e apostava pela repetição das eleições.
O JxCat condenou a ERC por estar disposta a acabar com a frente separatista catalã e viabilizar um governo “espanholista” para a região.
A situação política na Catalunha tem tido e deverá continuar a ter impactos diretos na governação de Espanha, por o executivo nacional do socialista Pedro Sánchez depender do apoio parlamentar tanto da ERC como do JxCat. (RM /NMinuto)
Fonte:Rádio Moçambique Online