Construção da plataforma de gás na zona norte arrancará em breve

Búzi deu indicações de presença de hidrocarbonetos nas pesquisas que estão a ser realizadas naquele campo situado na província de Sofala, revelou o Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), Omar Mithá, sem avançar muitos detalhes.

Omar Mithá, que partilhou com parlamentares informações sobre o estágio actual da exploração de hidrocarbonetos, explicou que o investimento na fase de exploração poderá atingir 700 milhões de dólares norte-americanos e que, da actividade de pesquisa feita nos últimos tempos, nos novos blocos recentemente concessionados, existe um “voto de confiança em Moçambique da probabilidade de mais recursos a serem descobertos”, a exemplo do bloco de Búzi.

Não é a primeira vez que a região de Búzi revela potencial em hidrocarbonetos. Na década de 60, foi descoberta a ocorrência de gás natural naquele bloco, mas as quantidades identificadas pelas multinacionais norte-americanas que fizeram as pesquisas na altura foram consideradas comercialmente não viáveis, razão pela qual o Governo concessionou a área a uma empresa indonésia para realizar estudos mais aprofundados.

Nos últimos anos, a companhia que actua em parceria com a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), a Búzi Hydrocarbon, realizou estudos sísmicos de avaliação do impacto ambiental, entre outros, para estabelecer as bases necessárias para o desenvolvimento de furos de pesquisa.

O bloco de Búzi, formado pelos distritos de Búzi, Machanga e Chibabava, está localizado ao longo da bacia sedimentar de Moçambique, uma das regiões menos exploradas até ao momento do ponto de vista de conhecimento do seu potencial em hidrocarbonetos.

Gás moçambicano é competitivo

O PCA da ENH reiterou que deverá começar em breve a construção da plataforma de liquefacção de gás, processo que marca o início dos anos prósperos de Moçambique, na medida em que vai ampliar a fonte de receitas, ao tornar-se um dos três maiores players globais.

Omar Mithá explicou que o gás a ser explorado em Moçambique é competitivo, visto que as reservas massivas garantem segurança energética para compradores de mercados premium, a qualidade é boa, o processamento é mais barato, além da localização geográfica do país como um fornecedor privilegiado na geopolítica do índico para fornecer mercados como Japão, Coreia do Sul, China, entre outros.

Mithá lembrou que, neste momento, o grande produtor de LNG no mundo é o Qatar (70 mil toneladas por ano), daí que o aumento da procura e a redução no mix energético do nuclear para energias mais limpas, como o gás, levam a que Moçambique esteja numa situação em que estes aspectos positivos demonstrem competitividade.

“A Mobil entrou no 5º concurso para a exploração de gás, tem um bloco em Angoche e já prepara um acordo para entrar na fase de exploração. Ela própria, olhando para a sua carteira de investimentos em todos os países em que está presente, preferiu vir a Moçambique, porque sabe que este país será o locus de LNG (Gás Natural Liquefeito) no mundo”, referiu.

Priorizar interesse nacional

As linhas da interacção também assentaram nas acções programadas para levar os benefícios da exploração petrolífera a todos os moçambicanos. A Lei de Conteúdo Local é, para já, o instrumento que vai salvaguardar o interesse nacional, visto que procura combinar diversas formas pelas quais os nacionais podem estar envolvidos nos projectos.

Após ouvir a apresentação da ENH, Francisco Mucanheia, presidente da Comissão da Agricultura, Economia e Ambiente na Assembleia da República, referiu-se à necessidade de se estabelecer a paz definitiva e diversificar a economia como os desafios a levar em conta para sustentabilizar as receitas provenientes da exploração do gás.

Recentemente, a italiana ENI, a portuguesa Galp, a sul-coreana Kogas e a própria ENH aprovaram os seus planos de investimento para o início das obras de exploração de gás, faltando apenas a decisão de um operador para se avançar.


Fonte: O Pais -Economia

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