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A estrada entre Macomia e Mucojo no centro de Cabo Delgado, numa das zonas alvo de ataques de grupos armados, vai reabrir na próxima semana, anunciou ontem o ministro moçambicano das Obras Públicas numa visita ao local.

 

O governante, Carlos Mesquita, classificou a reabertura da via em terra batida como um “bom sinal” que espera que se traduza no regresso das populações a Mucojo, povoação e zona costeira do norte de Moçambique onde residiam cerca de 45 mil pessoas.

 

A insurgência provocou uma debandada geral, mas a segurança acrescida com a ofensiva militar em curso desde há um ano permitiu o regresso ao terreno de equipas para reabilitar a estrada, intransitável desde 2019.

 

São 45 quilómetros entre Macomia, sede de distrito (onde passa a estrada asfaltada), e Mucojo, naquele que é um dos principais eixos de mobilidade e comércio para os milhares de moçambicanos que ali vivem em comunidades remotas.

 

Carlos Mesquita fez hoje o percurso, apesar dos ataques mortais de sexta-feira nas aldeias de Nova Zambézia e Nguida, nos arredores mais a norte de Macomia.

 

Uma comitiva com 15 carros, incluindo escolta policial, parou a meio do caminho que seguia para este, em direção ao mar, para saudar militares em prontidão e completou a viagem até à sede do posto administrativo de Mucojo.

 

Na povoação, o ministro das Obras Públicas visitou infraestruturas destruídas pelos grupos armados: centro de saúde, escola primária, posto policial e secretaria do posto administrativo.

 

O trabalho de reabilitação da estrada Macomia-Mucojo arrancou há 17 dias e quando estiver concluído vai avançar uma outra intervenção entre Mucojo e Quiterajo, junto à costa, outra via onde não se circula há três anos por causa da insegurança.

 

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

 

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário. (Lusa)

Fonte: Carta de Moçambique

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