Enquanto os insurgentes intensificam os seus ataques nos distritos da região sul da província de Cabo Delgado, o Ministro do Interior defende que a situação visa distrair as Forças de Defesa e Segurança (FDS) da sua real missão, que é de desmantelar os novos acampamentos do grupo, instalados nos distritos de Macomia (três) e Muidumbe (um).
Segundo Pascoal Ronda, após a desactivação, em 2023, das principais bases dos terroristas, que estavam localizadas nas matas de Kathupa, no distrito de Macomia, e o assassinato do então líder militar do grupo, Bonomade Machude Omar, os insurgentes criaram novos acampamentos (três em Macomia e um em Muidumbe), de onde passaram a operar.
Falando na manhã de ontem, a partir do pódio da Assembleia da República, durante a Sessão de Informações do Governo, Ronda defendeu que foi num contexto de “contínua pressão” operacional, exercida pelas FDS em coordenação com as forças ruandesas e da SAMIM, que “os terroristas dispersaram-se para os distritos de Ancuabe, Chiúre, Metuge e Quissanga, visando desviar a atenção das FDS sobre os centros de gravidade do grupo”.
“Nestes locais, os terroristas têm protagonizado assaltos, emboscadas, assassinato de cidadãos, saque de produtos alimentares, destruição de escolas, igrejas e residências, raptos e recrutamentos forçados, criando uma nova vaga de deslocados, estimados em cerca de 61 mil”, detalhou o governante, para quem o grupo tem novos líderes que, na sua maioria, se encontram nos distritos de Macomia e Quissanga.
Para o governante, o combate ao terrorismo continua a ser prioridade na agenda do Governo, razão pela qual “continua a empreender esforços junto das forças de segurança do Ruanda e da SAMIM”.
“A adopção do novo modus operandi pelos terroristas demonstra haver, no seio do grupo, uma nova liderança, facto que demanda das FDS mais acções assertivas”, acrescenta, sublinhando a necessidade de incrementar o investimento nas FDS para se fazer face ao terrorismo, que há sete anos semeia luto nos distritos de Cabo Delgado.
As declarações do Ministro do Interior chegam num momento em que a situação de segurança na província de Cabo Delgado é considerada crítica, com os terroristas a protagonizarem novos ataques, com destaque para a aldeia de Naminaue, no Posto Administrativo de Mieze, distrito de Metuge, que fica a 28 Km da Cidade de Pemba, a capital provincial. Igualmente, atacaram nos últimos dias a Ilha Quirimba, no distrito do Ibo.
Lembre-se que, há duas semanas, o Ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, defendeu que o cenário na província de Cabo Delgado continuava estável, sendo que estava manchado apenas por ataques esporádicos causados por pequenos grupos de insurgentes. No entanto, a realidade continua a contrariar os discursos do Governo. (Carta)
Fonte: Carta de Moçambique