OS combatentes da luta de libertação nacional denunciaram, ontem, diante dos membros do Comité Central da Frelimo e do seu presidente, Filipe Nyusi, o distanciamento do “campo de batalha política” e “assalto às fileiras do partido” por parte de alguns membros “espertos”, infiltrando-se e ocupando as posições de destaque nos órgãos.

Numa intervenção feita na abertura da IV Sessão Extraordinária do Comité Central, considerada inédita, os combatentes, na voz do seu secretário-geral, Fernando Faustino, consideram que a entrada de novos actores no cenário político nacional, nomeadamente novas formações políticas, organizações não-governamentais e algumas da sociedade civil, como sendo uma barreira para que a Frelimo continue a comunicar-se com o povo que libertou.

Sentem, igualmente, que o debate de ideias que sempre caracterizou o partido, sobre os desafios de cada momento, tende a regredir. “É evidente que o partido Frelimo se converteu numa máquina eleitoral, pois, para alguns quadros, fazer política significa procurar posições ao nível do Governo, Parlamento, nas assembleias provinciais, municipais ou favoritismo nos negócios com o Estado. Muitos membros da Frelimo sentem vergonha de vergar a camisola com as imagens lindas do batuque e da maçaroca, enquanto não for momento eleitoral”, disse Fernando Faustino.

Lembrou aos camaradas que houve tempos que a Frelimo ganhava eleições com relativa facilidade, quiçá pela experiência acumulada ao longo dos anos e os seus membros orgulhavam-se em dizer que o partido é uma máquina, realidade que hoje é uma incógnita, sobretudo nas províncias das zonas centro e norte do país.

O secretário-geral da Associação dos Combatentes de Luta de Libertação Nacional (ACLLN) afirmou que a Frelimo precisa sair do adormecimento e da situação de ser aparentemente vivo quando se aproximam eventos de relevo, tais como congressos, conferências, pleitos eleitorais, eleições internas, entre outros, dos quais alguns dos seus membros procuram, a todo o custo, fazer parte das brigadas de modo a ganhar visibilidade perante as lideranças a todos os níveis, assegurando, assim, confiança e influências no seu seio.

Disse que a ACLLN clama por uma reorganização de fundo no seio da Frelimo. Para Fernando Faustino, o processo de purificação das fileiras do partido no poder deve ser um facto real, verdadeiro, oportuno e sem contemplações, de modo a devolver a dignidade e valor da Frelimo na esteira dos ensinamentos do seu primeiro presidente e arquitecto da unidade nacional, Eduardo Chivambo Mondlane.

Indicou que o rigor na admissão de novos membros, na eleição de membros dos órgãos do partido, desde a célula até ao Comité Central, irá devolver a confiança que o povo sempre depositou na Frelimo.

“O nosso povo está habituado a uma Frelimo onde seus dirigentes falam aberta e regularmente com ele; aprendem com o povo, ouvindo o que não gosta de ouvir; ouvir aquilo mesmo que dói, mas sempre na perspectiva de procurar soluções para os problemas da sociedade e não encarar os dirigentes como elite de grandes empresários ou altos funcionários do Estado e de difícil acesso.

O secretário-geral da ACLLN disse esperar que o Comité Central saberá, metodicamente, apontar de forma responsável os caminhos seguros que todos devem seguir rumo à prosperidade. Entretanto, as mensagens das restantes organizações sociais do partido apresentadas na ocasião saúdam o presidente do partido pelos esforços que está a empreender na busca da paz efectiva e para o desenvolvimento do país.

Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/politica/67931-afirmam-combatentes-na-sessao-do-comite-central-nao-deve-haver-espertos-entre-nos.html

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