NOBRE Roque dos Santos, reitor da Universidade Zambeze (UniZambeze), disse em entrevista ao “Notícias” que as teses em debate no XI Congresso da Frelimo demonstram a necessidade do partido de avançar rumo à sua transformação, adequando-se permanentemente à actualidade.

Os temas em questão foram largamente debatidos desde as células, círculos e zonas, passando pelos distritos e províncias, até à sua aprovação pela III sessão extraordinária do Comité Central e correspondem a síntese das ideias e contribuições dos militantes a todos os níveis.

Segundo Nobre dos Santos, ao decidir levar ao congresso pontos relevantes da vida política, económica, social e cultural dos moçambicanos, a Frelimo dá sinal de que os seus membros, sobretudo os que exercem cargos de chefia no partido e Governo, estão preocupados com o futuro do país.

De acordo com o académico, a Frelimo traçou estas teses conhecendo a diversidade do seu povo, daí que tenha alistado na reflexão a questão da governação inclusiva, acautelando vários princípios, como é o caso do respeito pela diferença.

“O assunto da paz, por exemplo, tem sido o debate do dia na Frelimo porque há consciência de que a sua ausência é empecilho para a implementação dos vários programas de desenvolvimento e barreira para o aprofundamento da unidade nacional. A paz é uma urgência, daí que o Presidente Nyusi tem estado a envidar esforços para que esta seja efectiva e duradoira. Nesse sentido, tem privilegiado o diálogo porque sabe que é o único caminho para se chegar a entendimento”, referiu Nobre dos Santos.

Ética e disciplina partidária

UMA das teses em debate no congresso relaciona-se com a ética e disciplina partidária, o que para o nosso interlocutor demonstra que o partido está preocupado com o bem-estar dos moçambicanos e mudanças estruturais.

Nobre dos Santos afirmou que o bom funcionamento do partido requer reflexões que passam pela coesão interna, o que pode acontecer só e somente se se reconhecer a diversidade.

Questionado sobre o posicionamento do partido em relação aos pleitos eleitorais que se avizinham, o reitor da UniZambeze respondeu que novos actores políticos são necessários para garantir a continuidade da Frelimo, porque a história precisa de ter outros horizontes na tomada de decisões.

Porém, defende que, para lograrem sucessos, estes novos actores precisam de ser preparados e há muitas expectativas por parte dos jovens em contribuir para o desenvolvimento do país, sendo que a sua integração na governação deve ser feita de forma gradual, contínua e segura.

“Importa referir que a Frelimo é o partido que está no Governo e interessa-se por tudo o que a sociedade moçambicana elege como modelo para a promoção da democracia. Do meu ponto de vista, estas pessoas têm a convicção de poder garantir o alcance dos objectivos, quer individual, quer colectivos”, esclarece a nossa fonte.

No seu entender, a ideia de massas pode não ser bem visível, porque muitos se elitizaram, mas defende que a Frelimo continua a ser de massas, um partido com raízes na comunidade e se consolida na base, construindo a ideia de uma sociedade moçambicana estável próspera e que actua em harmonia.

“A Frelimo se revela um partido de massas e do Governo. Aqui há uma relação que não deve ser dissociada entre o partido, o trabalho, o progresso, o público, a cultura e os resultados. Estes são os novos tempos e a Frelimo se adapta rapidamente a eles”, defende o académico, acrescentando que estas mudanças devem ser postas em prática seguindo atitudes inovadoras.

Expectativas não serão defraudadas

A FRELIMO é um partido que está a organizar-se de modo a se solidificar para além do tempo e as mudanças para a melhoria estão em curso.

Na qualidade de quem participou e colaborou no estudo das teses, o nosso entrevistado confessa que o partido não esgotou tudo nos debates e, por isso, continua aberta e está a receber mais contribuições, porque entende que toda a opinião é válida para construir Moçambique.

Defende que as teses aprovadas para debate no congresso não estão esgotadas, apenas criaram-se bases para uma reflexão que deixa claro que a Frelimo procura estar para além destes tempos e pretende garantir que o futuro seja ainda melhor.

Um dos assuntos actuais tem a ver com o processo de descentralização e poder local, temas abordados nas teses, mas que devem ser do domínio dos moçambicanos. A este respeito, Nobre dos Santos diz que se trata de uma questão já muito avançada no nosso país, embora persistam aspectos que precisam de maturação.

Relativamente às preocupações no sector da Administração da Justiça, o nosso entrevistado defende que a Frelimo é pela independência dos órgãos, dos magistrados e um bom funcionamento. Defende que o país tem estado a fortalecer as instituições para melhorar o sector. Realça que grupos específicos e conhecedores da área vão trabalhar no sentido de promover a justiça para que esteja mais próxima do cidadão.

Quanto à cooperação regional e internacional, o reitor da UniZambeze considera que, devido à sua história, a Frelimo percebe a importância da cooperação com outros países, pois, a independência conquistada com muito sacrifício teve uma participação de muitos amigos estrangeiros, pelo que a aposta nesta questão visa promover a solidariedade entre os povos.

Destaca o facto de, para além da cooperação política e económica, a Frelimo estar a defender a livre circulação na região da SADC e no resto do mundo por parte dos moçambicanos porque, segundo sustenta, estas ligações asseguram vantagens recíprocas, tudo no respeito à independência e igualdade soberana dos Estados.

RODRIGUES LUÍS

Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/politica/71912-afirma-reitor-da-unizambeze-teses-espelham-necessidade-de-mudancas.html

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *